Talvez fosse apenas questão de tempo até que o pernambucano Rafael Lorena deixasse de ser o destaque de uma das equipes de voleibol do Colégio Boa Viagem e fosse chamado para atuar em um grande clube do Sudeste. Mas ele não quis esperar. Movido pelo sonho de estar no pódio olímpico algum dia e de se profissionalizar na modalidade, foi à internet e pesquisou sobre peneirões nessas agremiações. Encontrou o do Sesi-SP, em São Paulo. Com o apoio da mãe, aos 15 anos, compareceu, no final de 2017, ao processo seletivo e foi o único ponteiro aprovado nos testes.
“Eu fiquei muito feliz, estava vindo só para ver, sempre foi um plano meu jogar fora. Aqui (no eixo Sul/Sudeste) é mais fácil ter uma carreira no vôlei. Em Pernambuco, nenhum time joga a Superliga e minha mãe sempre me apoiou. Vim, vi que tinha chance de passar, mantive a calma e fiquei”, contou.
Rafael se despediu da mãe e da família e, no começo de 2018, começou a caminhada para tentar se profissionalizar no esporte. Foi morar em São Paulo e, durante a temporada passada, defendeu o Sesi-SP, onde teve a surpresa de poder trabalhar com o campeão olímpico em Barcelona-1992 Marcelo Negrão. Coincidentemente, o ex-jogador de vôlei também estudou e jogou no mesmo colégio em que Rafael no Recife.
“Eu tive dois técnicos no Sesi: Thiago Pereira e Reinaldão. Marcelo Negrão trabalhava como assistente técnico. Fiquei muito feliz, porque eu sempre o tive como espelho. Sempre me ajudou da pré-temporada até o encerramento. Eu via que ele gostava muito de mim. Ele morou no Recife, estudou no mesmo colégio que eu. É um amigo que terei por toda vida”, afirmou.
Assim que a temporada 2018 foi encerrada, o clube anunciou que teria de realizar cortes financeiros e não poderia mais manter os atletas das categorias de base que vieram de outros Estados. Com 1,90m, muito potencial pela frente e personalidade que agradou toda a comissão técnica, Rafael passou a ser recomendado pelos profissionais a outros clubes. Acabou contratado pelo Vôlei Renata, de Campinas-SP. “Este primeiro ano no Sesi foi muito bom. Ganhei muita experiência. O Campeonato Paulista (que é o principal compromisso das categorias de base) é muito diferente do Campeonato Pernambucano. A gente viaja muito. Quase todo final de semana estamos em um lugar diferente para jogar, os times do interior têm um nível técnico elevado e é uma competição bem forte”, comentou.
Aos 17 anos, Rafael está jogando a competição pelo Vôlei Renata nas categorias sub-19 e sub-21. Este mês, ele e os demais jogadores da equipe estão na preparação para o segundo turno dos torneios, que começam no mês que vem. “A saudade de casa é grande, falo com a minha mãe todos os dias. Sinto muita falta da minha irmã. Também dos meus tios, tias, primos, mas todos me apoiam e me incentivam muito. Sempre param o que estão fazendo para falar comigo”, contou.