Sem conseguir limpar a Baía de Guanabara, um dos compromissos assumidos pelo Rio de Janeiro para se tornar a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos-2016, as autoridades brasileiras criaram um sistema paliativo de emergência para as competições de vela: as "eco-barreiras".
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Estas gigantescas e sólidas redes foram colocadas nos 17 rios que correm para a baía, ao pé do famoso Pão de Açúcar, com águas tropicais que cintilam sob o sol, mas que na verdade são como uma latrina gigante.
Na Baía de Guanabara pode se encontrar de tudo: sacos e garrafas de plástico, pneus, eletrodomésticos, excrementos e até mesmo... cadáveres. O tráfego portuário e a indústria petroquímica acrescentam sua camada nauseabunda.
As eco-barreiras são, portanto, as primeiras linhas de defesa contra a poluição da baía, porque a grande preocupação dos velejadores é com os grandes objetos flutuantes, capazes de retardar ou danificar seus barcos. Muito mais do que as bactérias super resistentes contidas nessas águas, de acordo com pesquisadores brasileiros.
"A poluição é um verdadeiro problema. Há de tudo na baía e isso pode afetar nossos resultados, nos retardar", disse recentemente à AFP o espanhol Santiago Lopez Vasquez, treinador da Nacra 17.
45 toneladas de lixo por mês
Antes do estabelecimento das eco-barreiras, as últimas pouco antes do início dos Jogos Olímpicos, uma frota de doze embarcações passou meses limpando as águas, removendo uma média de 45 toneladas de lixo por mês, ou uma tonelada e meia por dia, de acordo com as autoridades.
Todos os dias, coletores de lixo navegam em pequenos barcos de alumínio e pescam todos os tipos de objetos. Eles empurram o resto para as margens onde uma retroescavadeira os recolhe e leva um aterro sanitário.
O secretário de Meio Ambiente do estado do Rio, André Corrêa, garante que essas eco-barreiras são suficientes para os Jogos Olímpicos.
Segundo ele, 85% dos resíduos transportados pelos 17 principais rios que correm para a baía são retidos por este sistema.
Com 15 eco-barreiras instaladas, 280 toneladas de resíduos já foram coletados por mês, informa.
Mas o desafio de despoluir a baía em 80%, como um legado dos Jogos Olímpicos, está perdido, enquanto figurava entre as metas do país desde a Cúpula da Terra no Rio em 1992 (Eco92).
"Quem disser, sabendo das difíceis condições financeiras do Brasil, que a baía será limpa em menos de 20, 25 anos, é um mentiroso", disse André Corrêa no final de junho em uma entrevista à AFP.