Reza o ditado que 'águas passadas não movem moinhos', mas nem tudo se resolve de uma maneira simples, nem tudo é fácil de esquecer. É o caso do novo volante do Santa Cruz anunciado na manhã desta quinta-feira, Marcelo Mattos. Em solo pernambucano, o jogador reencontrará o principal pivô da lesão que o afastou dos gramados por dois anos e dois meses, o hoje meia-atacante do Náutico, Jorge Henrique.
Formado na base do Mirassol, se destacava em campo pela entrega às camisas que vestiu. Foi assim por São Caetano, Corinthians, Botafogo e Vitória, além de passagens pelo futebol japonês (FC Tokyo e Oita Trinita) e grego (Panathinaikos). E seguia também pelo Vasco, clube que passou a defender em 2016.
Até que o dia 19 de setembro de 2016 marcou a carreira para sempre, de uma forma negativa. Durante um dos treinos preparativos para um confronto com o Santos pela Copa do Brasil daquele ano, Marcelo sofreu uma entrada dura do atacante Jorge Henrique, então companheiro de equipe no Vasco. No lance, rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito. Lembrança que gerou ressentimento nítido ao jogador, em entrevista concedida ao Esporte Espetacular, em novembro de 2018.
"Eu não recebi uma ligação. Ele não me ligou e não me mandou uma mensagem", apontou, e relembrou o lance. "Eu roubei a bola dele e fui sair, aí por trás ele chutou meu joelho. Eu estava com travas altas, a perna ficou presa e rompeu o meu ligamento. (...) Depois ele pediu desculpa. Mas tem dois anos aí que não recebo uma mensagem dele. Mas está tudo bem. Vida que segue. Talvez não sinta vontade de falar comigo. Não tem problema", publicou o Globoesporte.com.
O tempo só agravou a situação para Marcelo Mattos. Cirurgiado dois dias depois da lesão, voltou aos gramados em menos de quatro meses, mesmo com o procedimento padrão apontar de seis a sete meses para o retorno. As dores voltaram e o jogador foi submetido a outras quatro cirurgias, onde teve uma infecção bacteriana detectada, que acarretou em um tratamento longo com antibióticos.
Em nota de resposta à reportagem do Esporte Espetacular à época, ainda pelo Figueirense, Jorge Henrique desejou melhoras ao ex-companheiro de time, e tentou justificar a situação ocorrida.
"Em primeiro lugar, desejo que o Marcelo melhore e retorne o mais rapidamente possível. Quero ver alegria no rosto dele, jogando e fazendo o que gosta. Mas, como foi a segunda vez que o episódio da contusão foi citado por ele, publicamente, resolvi esclarecer.
A entrada dura que acertei o Marcelo, durante um treino, ainda no Vasco, foi um revide. A entrada que ele me deu, minutos antes, foi tão ou mais forte, mas tive mais sorte. Poderia ter machucado também. A intenção não era essa, mas o risco existe em cada entrada.
Durante minha carreira sofri muito com lesões por entradas violentas recebidas e, no entanto, não recebi ligações de meus colegas de trabalho para saber se estava bem. Nem por isso os citava nas entrevistas. Marcelo sempre foi marcador e sempre chegou firme. Se ele ligou, preocupado, para cada atleta que, porventura, tenha tirado de atividade, que sirva de exemplo para mim e para outros atletas", diz a nota na íntegra, publicada pelo Globoesporte.com.
Marcelo Mattos e Jorge Henrique podem, inclusive, se reencontrar nos gramados em menos de um mês, já no próximo dia 23 de junho, quando Santa Cruz e Náutico farão o primeiro Clássico das Emoções pela Série C do Campeonato Brasileiro deste ano, no Arruda.