Depois de uma temporada fora do comando do Santa Cruz, o ex-presidente Alírio Moraes voltou a falar sobre os anos dentro do clube. Ao repórter Davi Saboya, do Blog do Torcedor e Jornal do Commercio, comentou a respeito trabalho no Conselho, erros, acertos, nota da gestão, estatuto e Constantino Júnior.
CONFIRA
ANO PASSADO
Quando aceitei o convite de permanecer no clube na presidência do Conselho Deliberativo, coloquei como condição junto ao nosso grupo político interno, participar pouco desse primeiro ano. Deixei o Executivo muito cansado, combalido, com dívidas que caíram sobre mim e sobre a minha esposa. Precisei me dedicar mais a minha vida profissional. Porém, mesmo trabalhando de forma remota, acompanhei tudo que estava acontecendo. Conseguimos já em 2018 aprovar o regimento interno, criar a comissão do estatuto. Pode ser que para a torcida, eu estivesse fora. Mas estava participando. Me coloquei à disposição de Constantino (Júnior, presidente), pois sabia que ele (Constantino Júnior) iria enfrentar muitos obstáculos.
AVALIAÇÃO
Acertamos muito, erramos muito, de boa fé, claro. Têm situações que é igual a música Roda Viva, de Chico Buarque, ‘na volta do barco é que sente o que deixou de cumprir’. Ou seja, esse filme voltando, faria algumas coisas diferentes. Só que naquela ocasião existiam circunstâncias novas. Era o primeiro presidente a cumprir três anos. Em 2017, estava em uma estafa muito grande. Sentindo o peso da situação financeira, o clube já não pagava as coisas, e terminei, colocando minha vida particular no jogo. Não preciso dizer que o resultado foi muito ruim. Mesmo assim, deixei alguns legados. Troféu inédito (Copa do Nordeste) na galeria do clube.
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RENOVAÇÃO
Esse processo de renovação do quadro do clube começou comigo lá atrás. Comecei a trazer pessoas novas que nunca tinham trabalhado de forma efetiva em alguma gestão. Vejo todo esse processo que vivi no comando do Santa Cruz com ganhos, perdas e um aprendizado valioso. Um dia vou me despedir da vida satisfeito por ter servido ao meu clube. Como diz o nosso hino, me dediquei de corpo e alma. Em momento nenhum lamentei, procurei não levar os problemas. Não levei nada para rua e procurei debater internamente. Eis que estamos agora no Conselho (Deliberativo) tentando renovar ainda mais o Santa a partir da reforma do estatuto.
TININHO
Tenho certeza que Tininho (Constantino Júnior, presidente) vai conseguir reestruturar o Santa Cruz. Ele tem feito um trabalho muito bom, muito certo e cuidando do pouco dinheiro existente. E não deixando dívidas. Agora, em 2020, essa bola precisa entrar.
ACERTO
A maior exaltação é o componente humano. Só sei trabalhar com o coração. Venho de uma educação humana. Aprendi a abraçar as pessoas. Independente de qualquer coisa. Aquele momento que criamos nos anos de 2015 e 2016 foi fundamental e acho que a bola entrou por causa disso. Não estou dizendo que agora não acontece. Mas é por isso, que sou respeitado por parte da torcida, funcionários e pessoas do clube.
ERRO
Talvez, estimamos mal a participação da torcida. Contamos com 18, 19 mil torcedores por jogo, receita de bilheteria e sócios. Sabíamos que as cotas ficariam presas por conta dos débitos. Acho que falhamos um pouco na comunicação. Não sei se a torcida entendeu os pedidos de socorro que fiz, de ajuda. Mas não importa. Agora estamos no conselho tentando reerguer o Santa Cruz.
NOTA
Bom, se a média for cinco, acho que tenho uma nota seis ou sete. Mas sou exigente. Confesso que fiquei frustrado e decepcionado com o resultado final. Tenho humildade para admitir isso. Queria ter entregue pelo menos o clube na Série B. Acho que assim Tininho (Constantino Júnior, presidente) teria mais tranquilidade. Por isso, me sinto estimulado para seguir trabalhando para que o Santa Cruz volte pelo menos para Série B.
CONSELHO
É mais fácil. As competências são menores. Entrei presidente do Conselho Deliberativo entendendo um pouco mais de futebol, da instituição. Assumi o cargo de presidente do Santa Cruz diria como um ‘menino’. Não sabia como era o vestiário, o futebol. Hoje tenho a obrigação de acertar muito maior por conta da experiência acumulada.