Dez anos da conquista da Copa do Brasil pelo Sport

No dia onze de junho de 2008 o Sport levantou a taça do torneio depois de derrotar o Corinthians
Leonardo Vasconcelos
Publicado em 10/06/2018 às 7:22
No dia onze de junho de 2008 o Sport levantou a taça do torneio depois de derrotar o Corinthians Foto: JC Imagem


O dia que saiu do calendário direto para a história. Mais que uma data, um grito. Ou melhor, um rugido que ecoou por todo um país e o fez se curvar. Onze de junho de dois mil e oito. Um dia que de tão memorável nem parece que amanhã completa dez anos. Uma década da conquista da Copa do Brasil. Parece que foi ontem. Basta fechar os olhos para sentir o tremor de uma Ilha do Retiro lotada empurrando o Sport para cima do Corinthians. Dois gols. Carlinhos Bala e Luciano Henrique. Dois a zero. Apito final. Invasão de sentimentos. Êxtase em preto e vermelho. O capitão Durval ergue mais do que uma taça e sim o orgulho de pela primeira vez - e até agora única - um time do Nordeste ter conquistado o título da Copa do Brasil. Outras décadas passarão. A data permanecerá. Rubro-negra e eterna.

6) O gol que mudou a história, 4/6/2008
Quarenta e seis minutos do segundo tempo. Antes deste momento, o Corinthians estava impondo uma vitória convincente por 3x0 em cima do Sport, no Morumbi, com gols de Dentinho, Herrera e Acosta. Mas aí, quando ninguém mais esperava uma reação, o Leão mostrou que não desiste nunca e num dos últimos lances da partida devolveu a esperança aos pernambucanos com o gol de Enilton.
“No vestiário, durante o intervalo, nós sabiamos que precisávamos fazer algo para diminuir aquela desvantagem. Quando o Corinthians marcou o terceiro gol tínhamos consciência de que reverter o placar na Ilha não seria impossível, mas bem difícil. Então cada um procurou se doar ao máximo para marcar o gol. Não desistimos em nenhum momento. Até que naquele lance no final do jogo a bola veio pra mim e eu toquei de calcanhar pro Carlinhos Bala. Daí ele avançou e a bola acabou sobrando pra mim e no instinto completei pro gol. Foi um gol importante, pois renovou o ânimo e a confiança para o jogo decisivo no Recife”, disse Enilton.

7) Bala, o profeta!
Polêmico, marqueteiro, folclórico, frasista e...profeta! O auto-intitulado “Rei de Pernambuco” Carlinhos Bala chamou a atenção não só dentro de campo, mas também fora por suas declarações impactantes. A mais famosa, sem dúvida, foi a de que dias antes Deus teria falado com ele e dito que a taça da Copa do Brasil ficaria com o Leão. Após o primeiro jogo da final, ele ganhou ainda mais notoriedade ao afirmar que o tento marcado por Enílton foi o “gol do título”.
“Até hoje quando passo na rua falam: ‘Olha o profeta’ ou ‘lá vem o homem que falou com Deus’. O pessoal tira onda e faz muita resenha por conta disso, mas não ligo. Nem todo mundo acredita em Deus. Eu acredito e sei que ele falou comigo. Ele me mandou um sinal dizendo que o Sport ia ser campeão. No final todo mundo viu o que aconteceu. Eu sou um cara abençoado por ter passado tudo o que passei e ter virado um jogador. Naquela final fui iluminado e consegui fazer o gol. Foi um dos momentos mais especiais e marcantes da minha carreira. Ficou marcado na história”, disse Carlinhos Bala.

- 8) A polêmica chamada Luizinho
Luizinho Neto era o dono da lateral direita do Sport e o homem da bola parada rubro-negra. Predicados que dariam uma vaga no time a qualquer um. Ainda mais em um jogo tenso e delicado como uma final de Copa do Brasil. Todavia, para a surpresa de todos, em vez de Luizinho quem foi escalado para a final foi Diogo, para espanto dele também. Muitas “histórias” surgiram sobre o caso, mas o vice-presidente de futebol do Sport na época, Guilherme Beltrão (que ocupa o cargo novamente) disse que Luizinho teve uma crise estomocal.
“Não lembro o motivo da mudança só lembro que o Nelsinho Baptista bateu na porta do meu quarto e perguntou se eu estava preparado. Daí eu disse que sim e ele disse para eu me preparar que eu iria jogar. Isso umas duas horas antes da partida. Até então eu iria para o banco de reservas. Então quando eu desci para o vestiário já desci sabendo que eu iria jogar. Pra mim aquele jogo foi tudo, tudo que eu conquistei até hoje eu devo a aquele momento. Foi o passo mais importante da minha carreira. O maior título que eu já conquistei, 2008 teve um gosto especial, até porque só soube que ia jogar em cima da hora”, afirmou Diogo, que ainda está em atividade, no Confiança.

9) O gol do título, 11/6/2008
Diogo cobra o escanteio, a bola viaja até a área. Ela é desviada e se oferece para Luciano Henrique que bate de primeira e meio desajeitado, mas sem jeito para o goleiro Felipe que, encoberto por Enilton, aceitou e viu o Sport fazer o segundo gol aos 37 minutos do primeiro tempo na Ilha do Retiro, no segundo e decisivo jogo da final. Era o gol do título. Ainda houve uma segunda etapa inteira de tensão e nervosismo, mas o Leão foi guerreiro e fez com que a taça ficasse na Ilha.
“Não tinha como a gente não fazer um bom jogo na Ilha do Retiro. A gente entrou com tudo já pensando em fazer gol no primeiro tempo e foi em uma bola que eu consegui dar uma assistência pro Carlinhos Bala e quando ele fez o gol incendiou a Ilha. Daí a gente já tinha certeza de que iríamos levar esse título. O professor Nelsinho sempre me deixava ali na sobra do rebote dos escanteios. Aí quando o Diogo cobrou o escanteio, Wilians tirou e na hora que a bola veio pra mim eu não pensei duas vezes e bati de primeira. Ainda peguei de esquerda que não era a perna boa tive a felicidade de pegar bem na bola, nem tão forte ou do jeito que queria, mas aí o Enílton ficou na frente e atrapalhou bastante o goleiro e foi onde saiu o nosso segundo gol. Foi uma felicidade muito grande, um título que eu considero o mais importante da minha carreira”, disse Luciano Henrique.

10) A “Bombonilha”
Nunca a Ilha do Retiro fez tão jus ao título de caldeirão como em 2008. Com o apoio da torcida que compareceu em peso ao estádio, o Sport foi soberano em seu reduto. Terminou a campanha vitoriosa invicto em casa com seis convincentes vitórias (4x1 contra o Imperatriz, 4x1 diante do Brasiliense, 4x1 novamente frente ao Palmeiras, 3x1 no Internacional, 2x0 no Vasco da Gama e outro 2x0 em cima do Corinthians na grande final).
“É muito difícil você ver um casamento que deu tão certo entre um time e uma torcida como foi em 2008 no Sport. Todo mundo sabe que ela é bastante exigente e quando eu cheguei no clube eu disse que queria fazer história ali. E foi o que aconteceu. Naquele ano tudo deu certo e sem dúvida 2008 foi um dos anos mais especiais da minha vida. A torcida realmente acreditou no projeto do time e carregou os jogadores. Lembro que na final eu convidei vários amigos meus para irem para a Ilha do Retiro porque eu sabia que com ela lotada dificilmente iriamos deixar o título escapar”, afirmou o ex-volante Sandro Goiano.

 

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