O ano de 2018 do Sport vem chegando ao fim com um saldo de polêmicas e fracassos, e a beira de uma nova eleição no clube. Após o ex-presidente João Humberto Martorelli, em artigo publicado no Jornal do Commercio na última quinta (6), sair em defesa de Arnaldo Barros, seu sucessor no cargo, afirmando que o atual presidente foi "vítima da política do clube" e de supostas armadilhas dos antecessores, sete ex-presidentes rubro-negros publicam, nesta terça (11), um artigo conjunto escrito em resposta.
No novo texto, assinado por Jarbas Guimarães, Arsênio Meira, Luciano Bivar, Wanderson Lacerda, Fernando Pessoa, Severino Otávio e Homero Lacerda, os ex-dirigentes rebatem que "se houve alguma 'armadilha' na qual o senhor presidente se enredou, como defendeu o artigo, foi a da soberba", e acusam Arnaldo Barros de ter gerado uma desunião entre "jovens e profissionais e os dinossauros".
JARBAS GUIMARÃES, ARSÊNIO MEIRA, LUCIANO BIVAR, WANDERSON LACERDA, FERNANDO PESSOA, SEVERINO OTÁVIO, HOMERO LACERDA
Quem quer que tenha tolerado ler até o final o referido artigo, do ex-presidente João Humberto Martorelli do dia 6 de dezembro, concluiu a leitura com a certeza de que o texto deveria ter sido escrito de baixo para cima. Houvesse o articulista começado a redigir pela última frase, o “PELO SPORT, TUDO” que fechou a versão original, o teria, ao menos, constrangido a não priorizar o amigo sobre o clube com um exercício gratuito da inglória tarefa que seu nobre ofício de advogado por vezes lhe impõe: defender o indefensável.
Se o esforço não serviu aos interesses do clube, preterido para o final, nas linhas, e nas entrelinhas, tampouco socorre o presidente Arnaldo Barros, a quem o autor protege com entusiasmo quase paternal. “Quase”, afinal, a sabedoria bíblica já ensina que o amor de um pai se manifesta no ato de corrigir o filho. Ao invés de lhe “endireitar as veredas”, porém, preferiu premiá-lo com uma indigna indulgência, terceirizando a responsabilidade pelo que acontece, hoje, com o Sport.
Segundo a generosa defesa do articulista, o senhor Arnaldo Barros teria sido, na verdade, vítima de uma conspiração de ex-presidentes e ex-dirigentes, ainda inconformados com o resultado das urnas, que conduziram à presidência do Sport um candidato “não-ungido”.
Esperou-se e torceu-se demais, neste biênio, por uma correção de rumo que pudesse nos salvar da tragédia que se anunciava desde 2016. Mas como esperar correção de quem sequer admite um equívoco?
Não foram os ex-dirigentes os responsáveis pela irresponsabilidade com a gestão financeira do clube. Aliás: por sucessivas ocasiões, alertou-se o presidente Arnaldo Barros, para a necessidade de conter os gastos e contratar profissionais com criatividade e sem deslumbramento. Na última tentativa de alertar o senhor presidente, no início deste ano, em almoço intermediado pelo ex-dirigente Sérgio Kano, ficou claro que a preocupação do senhor Arnaldo Barros era autodefensiva. Não desejava conselhos ou sugestões, mas apenas persuadir os presentes de que nada de errado havia na gestão.
Se houve alguma “armadilha” na qual o senhor presidente se enredou, como defendeu o artigo, foi a da soberba, que o fez provocar a desunião da qual se queixa, ao promover a cizânia entre os “jovens e profissionais” e os “dinossauros”, que, ao longo deste biênio, opuseram-se à forma de condução do clube. Foi por saberem dos longos anos de serviços e vivência na instituição, o quão sofrido foi construir o patrimônio e a imagem que o Sport hoje ostenta e que só a ruptura completa com essa gestão temerária poderá preservar.
Todos são ex-presidentes do Sport Club do Recife.