Em sua última entrevista coletiva como presidente do Sport, Arnaldo Barros detalhou os diversos pontos de sua gestão, que se encerra neste ano. Admitiu erros durante o seu mandato e reconheceu que há salários atrasados com jogadores e funcionários do clube. Contudo, destacou que houve acertos e que enfrentou uma dura disputa política dentro da Ilha do Retiro. Apesar de todos os problemas e dificuldades, demonstrou orgulho de ter sido presidente do Sport e que não se arrepende de ter sido mandatário do clube leonino.
Dos muitos erros que nós tivemos, um deles foi as várias alterações na vice-presidência de futebol, sou um grande defensor de perenidade, de manter treinadores, por exemplo, mas não foi possível manter nessa gestão. A minha forma de administrar é delegar e cobrar resultado. Todos eles tiveram de mim plena liberdade de agir, mas tivemos problemas. Nós erramos, por exemplo, na contratações de alguns técnicos e erramos os nomes. Saímos de um patamar financeiro elevado para uma realidade diferente, não tivemos recursos em 2018.
Desde o dia 19 de dezembro, eu e Milton Bivar começamos a interagir nessa transição. Nós disponibilizamos todas as informações possíveis, inclusive abrimos toda a contabilidade e alocamos uma sala para a equipe dele trabalhar, nós selecionamos todas as documentações, contratos, tudo está organizado. Passamos para ele, para que ele pudesse avaliar.
AUDITORIA
Sou plenamente favorável a uma auditoria. Eu acho que tem que se fazer por dois grandes motivos: ou vai se encontrar algo ilícito e tomar providências, ou se vai chegar e dizer que a gestão foi boa e não encontramos nenhuma ilicitude. Nós já fazemos a auditoria anual, mas ainda assim nesse último ano, nós encurtamos o prazo dessa auditoria, que começou a ser feita de quatro em quatro meses, para podermos encontrarmos eventuais falhas. O Sport é um clube muito grande e precisamos estar com um olhar mais técnico em relação a isso, além de nos dar tranquilidade de sair como entramos, com cabeça erguida.
ARREPENDIMENTO
Não me arrependo. Todos sabem que eu não fui preparado para ser presidente do Sport. Meu nome surgiu como um novo de conciliação àquela época e aceitei o desafio. Todos sabiam que seria difícil. Aliás, todos já diziam que o clube estava rachado em duas correntes. Tinha um corrente que abrigava quase todos os ex-presidentes. Do outro lado, estava Martorelli, Gustavo Dubeux e José Moura. Depois, Homero Lacerda chegou. Lutei bastante para mudar isso. Depois da eleição, desmontei o palanque, mas entendo que isso é política.
JAIR
Desses atletas, posso falar do que fui notificado e tive conhecimento que é de Jair. Até antes mesmo da eleição, Milton falou comigo. E que fique claro: tenho excelente relacionamento com Milton. No Sport, não existem inimigos. Existem pessoas que pensam diferentes. Não acredito no sucesso dessa investida dele. Pode até acontecer, mas, honestamente, não acredito. Até porque depois foi resolvido com aportes do presidente Milton. E é preciso dizer isso. Não foi com aporte da minha gestão. Foi através de Milton que nós sanamos essa situação de Jair antes de sermos notificados. Fora isso, existem outras questões processuais como o foro em que entrou a ação, que é incompatível.
DECLARAÇÕES
Uma das questões mais difíceis para o gestor de um clube de futebol é separar o torcedor do dirigente. Por vezes, você se toma na direção com atitudes e manifestações de torcedores. Nenhuma dessas frases foram descontextualizadas. Foi exatamente aquilo. Quando disse que quero que o Brasil se curve ao Sport e que quero disputar com Flamengo, se a gente não tiver essa mentalidade, nós sempre vamos ficar na mesmice. Nós sempre vamos ser ousados e ambiciosos, senão você não cresce. Quando disse que queria disputar com adversários como Flamengo, Corinthians e demais, é com isso que o Sport vai crescer. Não menosprezando os adversários aqui não.
ATRASADOS
Houve vários pagamentos avulsos nesse último mês ou nesses últimos 45 dias de sorte que nós temos atletas que estão absolutamente em dia. Existem atletas que a gente deve um mês e atletas que devemos três meses. Não há uniformidade. Quanto aos funcionários, existem os que estão em dia e os que estamos devendo dois meses.
CRÍTICAS
Isso é momento, coisa de torcedor. Não me arrependo, sofri bastante, mas me sinto honrado, agraciado e apesar das dificuldades, de tudo que nós passamos, estou muito orgulhoso que fui presidente do Sport, do primeiro ao último dia do meu mandato. Houve uma quebra de paradigma no movimento político do clube, nós tínhamos um grupo político que sempre comandou o Sport e ficava alternando, ora um, ora outro. Mas na minha gestão, o racha foi mais acentuado e nós ganhamos a gestão e a outra força política passou a lutar pelo espaço que perdeu e essa luta foi prejudicial. Houve vários embates no conselho, o grupo que estava fora não aceitava sequer a legitimidade do conselho que estava instalado, então houve um grande embate, e isso afetou a imagem do Sport.