O Maracatu Nação Pernambuco está em busca de parceiros para garantir abrigo ao acervo que colecionou durante 25 anos e sobreviveu ao arrombamento da sala que ocupava no interditado Mercado Eufrásio Barbosa, no Varadouro, em Olinda. O perda de ao menos 30 instrumentos foi denunciada à polícia neste fim de semana, quando dirigentes da entidade estiveram no local para transferir os objetos para um antigo casarão da família Lundgren, no Carmo, cedido pela prefeitura da cidade. O espaço provisório é para garantir os ensaios até o Carnaval. Mas a agremiação, que funciona também como grêmio cultural, luta para ter um espaço permanente.
“Com a interdição do mercado, desde agosto, ficamos prejudicados para manter a agenda de apresentações”, diz Amélia Veloso. Bernardo Contra-Mestre, que fundou o maracatu, vai buscar apoio do governo do Estado. Desde o fechamento do espaço, onde o maracatu ensaiava, estava confiante numa solução da Prefeitura de Olinda. Foi justamente o poder municipal, segundo ele, na gestão de Germano Coelho, que convidou o grupo para ocupar as dependências do mercado e realizar um projeto social. A cada governo, a diretoria do maracatu fazia acordos verbais.
Bernardo explica que o grupo não tem recursos para alugar ou comprar um espaço,problema comum a outras agremiações de Olinda, lembra. Os cachês que recebem são suficientes apenas para os custos de confecção de figurinos, deslocamento e pagamento de profissionais que atuam na produção dos espetáculos, afirma.
O secretário de Cultura e Patrimônio de Olinda, Lucilo Varejão, lamenta a destruição de parte do acervo do maracatu, mas alega que o grupo assumiu esse risco ao se recusar a desocupar o espaço que foi interditado pela Defesa Civil e aguarda reforma. Conforme o secretário, a prefeitura não mantém vigia 24 horas no mercado por ser um prédio interditado. “Há rondas da guarda municipal. Eventualmente ficamos sabendo de pessoas que arrombam a porta dos fundos procurando coisas velhas para vender”, citou. Varejão também disse que não tem condições que ceder um espaço permanente para o maracatu. “Estamos abertos a ajudar o maracatu, reconhecemos a sua importância, mas é importante que o Nação Pernambuco se empenhe em buscar projetos e outras soluções”, observou.