A Polícia Civil investiga o envolvimento de traficantes do Morro dos Prazeres no ataque ao condomínio Equitativa, em Santa Tereza no centro do Rio de Janeiro. Na noite de domingo (4), cerca de 20 pessoas invadiram e depredaram parte da portaria e carros do condomínio de classe média que fica ao lado da favela, pacificada há um ano. Foi o primeiro episódio de violência entre uma comunidade e a vizinhança desde o início da implantação da Unidades de Polícia Pacificadora (UPP)no local, em 2011.
A polícia acredita que os atos de violência sejam uma resposta de moradores da comunidade à instalação de um portão que bloqueia a passagem de veículos da favela. Desde outubro, quando os moradores do Morro dos Prazeres foram informados do bloqueio, a tensão entre os vizinhos tem aumentado. Na última semana, o mesmo portão já havia sido quebrado duas vezes.
De acordo com os moradores, os criminosos invadiram a área do condomínio aos gritos de `vai ter guerra' e armados com paus, pedras e bombas caseiras. As imagens das câmeras de segurança mostraram cerca de 20 pessoas, entre eles mulheres e jovens encapuzados, que quebraram um portão e os vidros dos carros estacionados. Um idoso que testemunhou a ação foi agredido com uma foice e sofreu um corte superficial no pescoço, mas passa bem.
Na manhã de hoje, o coordenador das UPPs do Rio, coronel Rogério Seabra, e o delegado Murilo Montanha, responsável pelo caso, se reuniram com os moradores do condomínio. "Isso não pode ser tolerado, foi uma atividade criminosa, e por isso garantimos o reforço no policiamento na região", disse o coronel. A polícia analisa as imagens e aguarda o depoimento das testemunhas para identificar os suspeitos.
"A gente sabe que os bandidos continuam dentro do morro, e a ação deve ter sido feita por eles", diz Nilo Gomes, de 61 anos, morador do Equitativa. Outros moradores afirmaram ter visto a chegada de armas e drogas pela passagem entre o condomínio e a favela. O coronel Seabra disse que irá apurar as suspeitas de que o local também seja usado para guardar carros de traficantes.
Edilene Silva de Oliveira, de 51 anos, que mora no Prazeres, diz que há um mês alguns carros dos moradores da comunidade também foram danificados. "Não sou a favor de violência. Se antes éramos as vítimas, agora são eles. Eles vão botar segurança e câmeras e nos tratar como criminosos". Segundo ela, o portão foi instalado em uma rua pública.
Os moradores do condomínio - onde moraram vários artistas no começo de carreira - negam a hipótese e alegam que o objetivo do portão era restringir o acesso de veículo suspeitos no local. "Temos escrituras e mapas da prefeitura que comprovam que a área é do condomínio", disse a síndica Mônica Fuentes. "Vamos consertar o portão e decidir se o fecharemos novamente, mas o acesso de pedestres não será proibido", garantiu.