Técnicos do IBGE defendem que erro na Pnad foi coletivo

A falha ocorreu no momento em que um técnico selecionou a planilha errada para servir de base na ampliação das amostras referentes a Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul
Carolina Sá Leitão
Publicado em 22/09/2014 às 22:56


Técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) defenderam nesta segunda-feira (22) que o erro na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) foi coletivo e voltaram a criticar as sindicâncias criadas pelo governo para apurar a responsabilidade na falha. Segundo uma fonte, o grande problema ocorreu na checagem das informações, processo chamado entre os pesquisadores de "análise crítica".

Divulgada na quinta-feira (18), a Pnad 2013 teve dados corrigidos no dia seguinte. A falha ocorreu no momento em que um técnico selecionou a planilha errada para servir de base na ampliação das amostras referentes a Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

O erro de troca de planilha é considerado primário e grosseiro, por isso, deveria ter sido pego no processo de checagem, afirmou uma fonte que acompanha de perto o modelo de trabalho do órgão. "O que é grave nesse processo todo foi ter falhado a análise crítica", disse o profissional, sob condição de anonimato.

Já os dirigentes do ASSIBGE-SN, sindicato que representa os funcionários do IBGE, preferiram não localizar a responsabilidade do erro em nenhuma etapa do processo de elaboração da Pnad, mas concordaram na avaliação de que o trabalho é coletivo e, por isso, não há um responsável único. O jornal "O Estado de S. Paulo" apurou que o responsável pela troca de planilhas seria um pesquisador jovem, com poucos anos de trabalho no IBGE.

"Não existem responsáveis individuais. São problemas estruturais na instituição", afirmou Ana Carla Magni, da Diretoria Executiva do ASSIBGE-SN, citando equipes reduzidas, contratação de temporários e pressão com excesso de trabalho como problemas que podem levar a erros. "Esse erro era inevitável e poderá haver outros", completou, classificando a abertura de sindicâncias como medidas "exageradas".

Procurado, o IBGE preferiu não se pronunciar. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, as explicações sobre os erros foram dadas na última sexta-feira. Agora, os técnicos estão se dedicando ao processo de atualizar toda a base de dados. Os dados vêm sendo retrabalhados e atualizados desde as 7h de sexta-feira, após o IBGE constatar o erro, após ser alertado por especialistas de órgãos de governo e consultorias privadas.

Hoje, o ASSIBGE-SN publicou em sua página na internet uma nota para refutar os comentários da presidente Dilma Rousseff, que afirmara no domingo que não sabia "quem inventou sucateamento do IBGE". Compilando dados do Orçamento da União, o ASSIBGE-SN alega que, de 2007 a 2013, o orçamento do órgão de estatísticas caiu 11,6% em termos reais, descontando a inflação, para R$ 1,9 bilhão.

A composição da evolução desses gastos foi ainda mais negativa. Segundo o ASSIBGE-SN, as despesas com pessoal e encargos subiram 22% em termos reais no mesmo período, para R$ 1,648 bilhão, enquanto o restante das despesas, incluindo o custeio de pesquisas previstas no plano de trabalho do órgão, registrou queda real de 69,2%, para R$ 241,2 milhões em 2013.

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