O acordo feito entre a Venezuela e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), no mês passado, sem comunicação prévia ao governo brasileiro, causou "estranheza" e "desconforto".
A avaliação foi feita nesta quarta-feira (19) pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo (Relações Exteriores), em audiência na Câmara dos Deputados.
Ele defendeu, no entanto, a postura do Itamaraty diante do episódio. A pasta convocou o encarregado de negócios do país vizinho a prestar esclarecimentos sobre o tema - o governo não foi informado previamente da vinda do ministro Elías Jaua ao Brasil, quando foi firmada a parceria com o MST.
"Nós manifestamos nossa inconformidade. Do ponto de vista do Itamaraty, creio que fizemos o que poderia ser feito. Não nos omitimos, não achamos normal", afirmou o ministro.
O caso foi motivo de crítica da oposição, que cobrou maior engajamento do Itamaraty. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) questionou se a pasta "se preocupou em cancelar o acordo".
"Do ponto de vista do Ministério das Relações Exteriores, não é um acordo. Isto é um ato entre um movimento social, com, viríamos todos a saber depois, um ministro de um outro país", respondeu Figueiredo.
O ministro ressaltou ainda que a convocação do diplomata venezuelano foi uma "medida bastante forte" diante do episódio, e que discutiu o assunto com seu homólogo vizinho, o ministro Rafael Ramírez.
Durante o debate na comissão, alguns deputados defenderam a parceria firmada entre o MST e o país vizinho. "Esse acordo não tem nada demais. É um instrumento de cooperação, de discussão.
Aliás, o MST tem acordo com vários outros países, mas ninguém vai falar do Canadá ou da França, vai falar da Venezuela", criticou o deputado Ivan Valente (Psol-SP).