Após a passagem de uma manta poluidora que deixou as águas pretas, o Rio Tietê, em Salto (SP), foi coberto por uma espuma branca que tomou todo seu leito, entre o final da tarde de quinta-feira e a manhã desta sexta-feira, 28. O fenômeno aconteceu pelo contato do fósforo, presente em saponáceos e detergentes, com o oxigênio da água.
"O fósforo chega ao rio porque não é totalmente eliminado dos saponáceos, sabonetes e detergentes nas estações de tratamento e ao entrar em contato com o oxigênio, formou as espumas", explicou a coordenadora da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.
Ela disse que a manta poluidora, que deixou as águas escuras e pastosas, reduziu a zero a presença de oxigênio. "Com a passagem dessa manta, o oxigênio foi voltando e, em contato com o fósforo foram criadas as espumas."
A espuma já desapareceu. No entanto, a manta, formada por materiais sólidos e possivelmente lodo, continuou descendo rio abaixo, sem se dissolver ou assentar no fundo. Malu afirmou que o fenômeno que escureceu e tornou pastosa a água do Rio Tietê, em Salto, é um acidente de grandes proporções causado por uma manta poluidora de 70 quilômetros de extensão.
O acidente, segundo ela, causará enormes prejuízos materiais, ambientais e econômicos para os municípios ribeirinhos, além de obrigar os órgãos de proteção do rio a adotarem medidas mitigadoras para evitar a reincidência. Além de matar peixes e poluir a água, o acidente causa retrocesso nas conquistas dos municípios de trazer de volta a fauna que habitava o rio e que havia fugido com a chegada da poluição no Médio Tietê.
"Os prejuízos econômicos serão grandes principalmente para as colônias de pescadores da região de Conchas até Barra Bonita e para agricultores que usam a água do Tietê para irrigação ou alimentação do rebanho", afirmou.
A Cetesb, que nesta quinta-feira classificou de água escura e pastosa de um fenômeno normal, foi procurada novamente pela reportagem para se manifestar sobre o assunto e informou que se posicionaria ainda na tarde desta sexta-feira.