A presidente Dilma Rousseff assume nesta quarta-feira (17) a presidência do Mercosul sob pressão do empresariado brasileiro para restabelecer a discussão econômica e comercial do bloco.
A reclamação é que os países vêm gastando mais tempo em debates políticos do que ampliando os mercados para os produtos da região.
Na mais recente cúpula dos presidentes do Mercosul, em julho, na Venezuela, o comunicado conjunto dedicou-se a apoiar a Argentina na negociação com os fundos "abutres" e a homenagear os ex-presidentes mortos Hugo Chávez e Néstor Kirchner.
As divergências de natureza econômica entre os países do grupo, contudo, ficaram sem resolução.
A situação ficou mais urgente com o menor crescimento do Brasil e a recessão na Argentina e na Venezuela. Todos os países precisam, nesse contexto, aumentar suas exportações.
Porém, neste ano até novembro, o fluxo comercial do Brasil para os quatro países que integram o Mercosul -Argentina, Uruguai, Venezuela, Paraguai- caiu 13% ante o mesmo período de 2013.
Houve queda tanto nas importações quanto nas exportações do Brasil para o bloco. Só para a Argentina, entre janeiro e outubro deste ano, as vendas recuaram 27%.
Entre as queixas do setor produtivo brasileiro, a principal delas são as barreiras da Argentina. O país exige que o empresário cumpra uma burocracia adicional para entrar com o produto no país, o que na prática dificulta e encarece a exportação.
Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), as primeiras queixas de empresários sobre o problema apareceram em 2004. Mas as restrições cresceram de acordo com as dificuldades do país e neste ano atingiram também os produtos de cadeias integradas, como a do setor automotivo, que têm parte da produção no Brasil e parte no país vizinho.
PETRÓLEO
Outra fonte de preocupação dos empresários e que pode ser tratada no encontro dos cinco presidentes, marcado para esta quarta (17), na Argentina, é a queda do petróleo e seus efeitos sobre a Venezuela.
O temor dos empresários é que o pagamento aos exportadores brasileiros atrase com as dificuldades do país, cujas reservas dependem da venda de petróleo. Isso já ocorreu no início do ano e a situação é considerada controlada.
Brasil, Uruguai e Paraguai vêm defendendo que o bloco negocie novas áreas de comércio, mas enfrentam resistência de Argentina e Venezuela. Os empresários brasileiros afirmam que acordos com países latino-americanos, como México, Colômbia e Peru, podem ser intensificados, sem ferir o Mercosul.
"A Argentina é relevante, mas não será suficiente para para que nossa indústria volte a crescer ao ritmo necessário", disse o diretor da CNI, Carlos Abijaodi.