A Polícia Federal confirmou nesta quinta-feira (18) que a foto veiculada pelo WhatsApp, aplicativo de mensagens, horas antes da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2014, era realmente do tema da redação.
O delegado regional de Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF no Piauí, Alexandre Uchôa, afirmou que existe compatibilidade com a foto que um estudante piauiense recebeu horas antes da prova.
"Confirmamos que existe compatibilidade da foto com a prova de redação, mas não sabemos quem tirou, de onde partiu e como vazou. A polícia continua a apuração e estamos investigando as pessoas que receberam. Somente no final do processo teremos mais informações sobre o caso", disse Uchôa.
Em novembro, um candidato do Piauí procurou a PF para informar que teria recebido uma foto com o tema da redação pelo WhatsApp no dia 9 de novembro, quando foram aplicadas as provas de matemática, linguagens e redação. O aparelho foi apreendido pelos policiais para a realização de perícia.
Em seu perfil em uma rede social, o estudante Jomásio Barros publicou no mesmo dia uma imagem da mensagem que teria recebido e afirmou: "E agora? Como um exame à nível nacional pode ser totalmente seguro e confiável se o tema da proposta de redação já tinha chegado até em mim...".
Segundo informações de sua página pessoal, ele mora em Picos (PI) e é estudante de direito.
Mais de 6,2 milhões estudantes fizeram as provas do Enem nos dias 8 e 9 de novembro em mais de 1.700 cidades. O tema da redação foi a "publicidade infantil em questão no Brasil".
O Inep, órgão do Ministério da Educação responsável pelo Enem, ainda não se pronunciou sobre o caso.
OUTROS CASOS
No dia 15 de novembro, dois estudantes acusados de montar um esquema para acessar o conteúdo sigiloso do Enem 2014 foram denunciados pelo MPF (Ministério Público Federal) no Ceará.
A ação penal é assinada pelo procurador da República Celso Costa Lima Verde Leal, em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense. Cabe agora à Justiça decidir se aceita ou não a denúncia, o que transformaria os jovens em réus. De acordo com o procurador, os denunciados contrataram um homem que, no segundo dia de aplicação da prova do Enem, repassou o gabarito do exame aos dois acusados, via celular.
Segundo o MPF, em depoimento, um dos estudantes relatou que há alguns meses, em João Pessoa (PB), um homem lhe cobrou R$ 15 mil para fazer a fraude. Para viabilizar o esquema, o jovem se inscreveu no Enem como sabatista e tendo problemas de visão. Para isso, obteve um atestado médico no município de Porteiras (CE).
No dia do exame, um dos estudantes foi ao local da prova com um celular comprado exclusivamente para a fraude. Mesmo alertado de que não poderia ficar com o aparelho, ele manteve o celular ligado dentro de uma sacola. Já o outro jovem usou dois celulares, um deles comprado por ordem de um homem que repassaria o gabarito. "Antes do início da prova, ele entregou apenas um celular, o de sua propriedade, mantendo o outro dentro de sua bolsa", disse o procurador Celso Leal, na ação penal.
Consta ainda da denúncia que, diante de um problema elétrico na sala de aplicação da prova, os dois estudantes denunciados tiveram de mudar de sala. Na saída do local de prova, ao serem revistados por policiais federais, foram encontrados os celulares com mensagens de texto que continham o gabarito da prova.
Na ação penal, o procurador Celso Leal pede a condenação dos dois réus pelo crime de fraude em certames de interesse público, que prevê pena mínima de um ano de reclusão.