Um dos desaparecidos na explosão do navio-plataforma utilizado pela Petrobras no Espírito Santo, Jonatas Pereira, 24, afirmou, no fim de janeiro, que havia ocorrido um vazamento de gás na embarcação.
O FPSO Cidade São Mateus é um navio-plataforma de extração de óleo e gás de propriedade da empresa BW Offshore e que presta serviço para a estatal.
A informação foi repassada por meio de WhatsApp à irmã dele, Luiza Pereira, 30. No texto, enviado dia 22, ele diz: "Agora eu vi a merda de trabalhar embarcado. Por pouco não abandonamos essa porra aqui. Vazamento de gás. O capitão mudou até de voz."
"Correria e desespero total", completou o taifeiro, espécie de auxiliar de serviços gerais da plataforma.
Sem informações sobre o irmão após o acidente, Luiza procurou os hospitais da cidade para tentar encontrá-lo. Ela diz que tentou contatar a BW, responsável pela operação do barco, mas os telefonemas não foram atendidos.
"O Jonatas ia desembarcar na sexta-feira (6), mas a pessoa que ia rendê-lo ficou doente e ele continuou lá", afirmou.
OUTRO LADO
Questionada sobre o relato de vazamento de janeiro e o de que houve duas explosões na plataforma nesta quarta-feira, a BW informou, por meio de sua assessoria, que "o foco agora é o atendimento às famílias e o laudo técnico vai sair em 90 dias".
HISTÓRICO
Na embarcação, havia 74 pessoas. Quatro continuam desaparecidas e ao menos 25 ficaram feridas - entre elas, três em estado grave.
Registrado próximo à região de Aracruz na tarde desta quarta-feira (11) no navio FPSO Cidade de São Mateus, o incidente é o pior em número de vítimas em plataformas contratadas ou operadas pela Petrobras desde 2001, quando 11 pessoas morreram em duas explosões.
Um dos feridos contou a um parente que houve duas explosões, com intervalo de uma hora e meia entre elas, na plataforma. "Ele disse que houve a primeira explosão e o alarme soou, mas ninguém se feriu. Uma hora e meia depois, teve a outra", afirmou Alexandre Tavares, 35, cunhado de Diego Chaves, 30.
Segundo Tavares, Diego confirmou o vazamento do dia 22 de janeiro, relatado por Jonatas Pereira.
REMOÇÃO
Nesta quinta-feira (12), a BW informou que os corpos dos cinco mortos devem continuar sem remoção durante a tarde, já que uma equipe técnica ainda vai verificar as condições de segurança da embarcação. A retirada dos corpos depende da polícia, que não havia chegado ao local no meio desta tarde.
"Tecnicamente, ainda não temos indícios do que houve. O nosso foco é a assistência às famílias. O que temos de informação é que um vazamento de gás causou uma explosão na casa de bombas", afirmou Benito Ciriza, um dos vice-presidentes da BW, em entrevista a jornalistas.
Os feridos com menor gravidade foram levados ao hospital Metropolitano ontem à noite, enquanto os mais graves estão no Vitória Apart Hospital. O Metropolitano não forneceu informações sobre o estado das vítimas.