O edifício pertencente ao grupo EBX, do empresário Eike Batista, no bairro do Flamengo, foi ocupado na madrugada desta terça-feira (7) por famílias que foram expulsas de um terreno da Companhia Municipal de Água e Esgoto (Cedae), na zona portuária do Rio. Ainda nesta tarde, representantes do grupo e policiais militares tentam negociar a saída das famílias do edifício.
Com 17 andares, o prédio é a antiga sede do Clube de Regatas Flamengo, está localizado no Morro da Viúva, área nobre do bairro. O local, em que Eike pretendia implantar um hotel, foi ocupado por cerca de 90 pessoas. De acordo com a Polícia Militar (PM), os policiais perceberam uma movimentação no prédio na madrugada de segunda-feira (6) e duas viaturas foram para o local a fim de garantir a segurança.
Para a Associação de Condomínios do Morro da Viúva, a ocupação não foi uma surpresa e as autoridades tinham sido advertidas no segundo semestre do ano passado. De acordo com a presidente da associação, Maria Thereza Sombra, as autoridades estaduais, municipais e federais não deram importância aos alertas feitos pelos moradores para evitar a ocupação.
"Eu vinha falando que isso ia acontecer. A única coisa que eles fizeram foi colocar esse troço branco em volta da grade para tampar o prédio. Eu pedi uma reunião com o [José Mariano] Beltrame [secretário de Segurança Pública do Rio] alertando sobre uma possível invasão e disse que isso ia acontecer porque estavam roubando esquadrias", ressaltou Maria Thereza.
A presidente da Amov contou que foi feita uma ação para limpar o local e que entrou em contato com o Departamento Jurídico da EBX, pedindo para ter uma segurança reforçada no prédio. "Eu falei com eles e eles disseram que não precisava. Eu tornei a pedir uma audiência ao Beltrame, comuniquei à prefeitura e nada foi feito."
Dois representantes do Grupo EBX, que não se identificaram, foram ao prédio nesta manhã e deixaram o local rapidamente. Na saída, eles informaram que a conversa com os ocupantes era para tentar uma saída pacífica, sem necessidade de intervenção policial.
O sem-teto Junior Dias disse que, desde a saída do prédio da Cedae, o grupo esperava alguma alternativa para não dormir na rua. Segundo ele, o EBX prometeu procurar a prefeitura do Rio para buscar uma solução. "Eles falaram que vão ver com o pessoal da prefeitura o que pode ser feito por nós. Eles nos enganaram e estamos aqui, sem moradia, sem lugar para ir. [O prédio] estava abandonado e nós resolvemos ocupar. Eles prometeram, mas até hoje nada foi visto. Estamos na espera, mas não dá para ficar dormindo na rua, morando na rua em tempo de pegar uma doença e morrer."
A desocupação do prédio da Cedae ocorreu de forma pacífica no dia 23 de março, quando a Polícia Militar cercou o local com o apoio do Batalhão de Choque para cumprir um mandado de reintegração de posse.