Diante de cerca de 30 reclamações de consumidores insatisfeitos com uma propaganda da marca O Boticário que mostra casais gays, o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu nesta terça-feira (2) um processo ético para analisar o comercial.
Divulgado no último dia 25, o filme, que retrata a troca de presentes entre casais hétero e homossexuais no Dia dos Namorados, gerou uma campanha homofóbica e ameaças de boicote na internet. Grupos conservadores se mobilizaram para aumentar a reprovação ao vídeo no YouTube.
Segundo o Conar, consumidores contestam a moralidade da propaganda e pedem que ela seja retirada do ar. A organização vai nomear um membro do conselho de ética como relator da análise, que deve durar cerca de 45 dias.
Em seguida, a peça será julgada por um colegiado, com base na interpretação dos conselheiros e no Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. O documento não tem recomendações expressas sobre a veiculação de cenas que envolvam homossexuais na publicidade.
Durante o processo, a propaganda poderá continuar sendo exibida.
Em nota sobre a reação negativa ao filme, O Boticário afirmou que "acredita na beleza das relações".
"A proposta da campanha é abordar, com respeito e sensibilidade, a ressonância atual sobre as mais diferentes formas de amor, independentemente de idade, raça, gênero ou orientação sexual, representadas pelo prazer em presentear a pessoa amada no Dia dos Namorados."
Na onda da mobilização gerada pelo comercial, a Motorola aderiu também à publicidade "colorida" com uma campanha promocional da 19ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, marcada para este domingo (7), na avenida Paulista.