Depois de quatro anos parados, os bondes de Santa Teresa, tradicional bairro na zona central do Rio de Janeiro e cartão-postal da cidade, voltaram a funcionar na manhã desta segunda (27). Enquanto o restante das obras não é concluído, a pré-operação do sistema com passageiros será feita, inicialmente, entre os Largos da Carioca e do Curvelo, trecho com cerca de 1,7 quilômetros.
Segundo o secretário de Estado de Transportes, Carlos Roberto Osório, as obras só deverão ser concluídas no primeiro semestre de 2017, com a inauguração da última estação, no Silvestre.
No período de pré-operação, o sistema não vai funcionar nos horários de pico. Os bondes vão circular de segunda a sábado, das 11 às 16h, com intervalos de 20 minutos. Também na fase de pré-operação, não haverá cobrança de passagem. Embarque e desembarque estão sendo feitos somente nos pontos de parada e a lotação de cada bonde está limitada a 32 passageiros. No total, 12 agentes da secretaria estarão nas estações dos Largos da Carioca e do Curvelo para orientar os usuários do sistema.
O secretário Osório ressaltou que a maior vantagem do novo sistema é a segurança. “O novo bonde tem dois objetivos: manter características do original, que é a ‘cara’ de Santa Teresa e agregar tecnologia, principalmente nos quesitos de segurança”, disse acrescentando que temos agora quatro sistemas de freio, o quarto é magnético, de emergência, e será acionado em último caso. Além disso, durante a viagem, não será mais permitido viajar em pé, nem nos estribos, que no modelo do novo bonde são retráteis e acionáveis no momento de parada dos pontos.
Tarifas
Ainda de acordo com Osório, as tarifas só serão cobradas após a inauguração da próxima estação, no Largo dos Guimarães, centro comercial de Santa Teresa, prevista para outubro, após a conclusão das obras e de testes. O secretário garante que o valor da passagem será inferior ao do ônibus municipal, que hoje é R$ 3,40.
“As tarifas ainda estão sendo estudadas e vão ser discutidas com os moradores de Santa Teresa, mas vão ser mais baratas que a do ônibus municipal. Também estudamos junto à prefeitura integrar os bondes ao bilhete único municipal e intermunicipal (sistema no qual os passageiros podem pegar dois coletivos, no período de 2h30 e 3 horas, e pagar o valor único de R$3,40 e R$ 5,90, respectivamente),” disse.
A paulista Laura Paganini, publicitária de 27 anos, está em seu último dia de férias no Rio. Ela disse que ficou feliz por ter tido a experiência de andar no bonde antes de retornar a sua cidade. “Gostei muito do passeio, o bonde passou segurança, além disso o bairro é muito bonito, com uma vista incrível. Valeu a pena.”
Moradora de Santa Teresa, a fotógrafa e designer Isabel Mattos Ferreira lamenta que o bonde ainda não chegou na área onde vive, mas acredita que a reinauguração do sistema é um ganho para o bairro. “Vim para ver o bonde e testar. Foi uma viagem muito tranquila. Estou esperando as outras estações abrirem não só para servir de transporte a nós moradores, mas trazer esse charme dos bondinhos de volta para Santa Teresa.”
A previsão inicial era de que o novo bonde ficasse pronto até a Copa do Mundo de 2014, mas problemas com a execução das obras provocou diversos atrasos, inclusive parte da obra precisou ser refeita no trecho Carioca-Curvelo, devido a um erro na instalação do rejunte dos trilhos, o que impedia o acionamento do freio dos bondes. Devido às falhas operacionais na execução dos trabalhos, a empresa concessionária responsável pelas obras Elmo Azvi, recebeu este ano duas multas que somadas chegam a R$ 1,35 milhão.
Além dos atrasos e das falhas, outro imprevisto enfrentado durante a execução das obras é o custo, que hoje está em R$ 87,1 milhões, quase 50% mais alto que o valor apresentado inicialmente, de R$ 58,6 milhões. Até o momento, o governo do estado pagou R$ 43,5 milhões, que corresponde à metade do atual orçamento.