Rebeliões causadas pela guerra entre as duas das principais facções criminosas que comandam o crime dentro dos presídios do País - o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) - causaram pelos menos 18 mortes em presídios de Roraima e de Rondônia nas últimas 24 horas. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, classificou a situação como "gravíssima".
Segundo o governo de Roraima, dez detentos morreram no domingo na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, o maior presídio do Estado. "A ordem para as mortes veio do Rio de Janeiro. Fomos pegos de surpresa, apesar de estarmos cientes de que as execuções ocorreriam. Imaginávamos que a visita nas unidades prisionais inibiria as ações. As visitas sempre foram respeitadas", disse o secretário de Justiça e Cidadania Uziel Castro.
A confusão começou quando os presos integrantes da facção PCC - comandada por presos paulistas - quebraram os cadeados e invadiram a Ala 12, onde estavam os integrantes do CV, de origem carioca, durante o horário de visita. Dos dez mortos, a polícia já identificou sete, incluindo Valdineys de Alencar Sousa, o Vida Loka, que se intitulava líder do CV, e Leno Rocha de Castro, que era o segundo em comando. Eles tiveram as cabeças decepadas. Alguns dos corpos foram incinerados, o que dificulta a identificação.
Após a notícias das mortes na cadeia, no início da madrugada de segunda-feira, 17, uma briga dentro da Penitenciária Estadual Ênio dos Santos Pinheiro, em Porto Velho, resultou na morte de mais oito detentos. A confusão só terminou por volta das 5 horas Segundo o secretário de Justiça de Rondônia, Marcos Rocha, o atrito ali foi motivado pela ação em Boa Vista.
Em Porto Velho, um pavilhão foi incendiado e detentos morreram carbonizados. Os corpos foram retirados logo pela manhã e levados para o Instituto Médico-Legal. Os oito detentos assassinados são André Luiz De Oliveira Da Silva; André Salvaterra Mota; Cid De Almeida Nascimento; Eduardo José Oliveira Da Costa; Janderson De Souza Costa; Márcio Araújo De Souza; Patrick Marlim Alves Da Costa e Raimundo Morais Cunha. Além disso dois internados ficaram em estado grave e 20 com lesões leves. Os presos mortos estavam no pavilhão B, que foi destruído pelo fogo.
Ainda segundo o secretário, 96 detentos foram transferidos paras diferentes unidades prisionais do Estado. Segundo ele, não havia a sinalização de que o presídio Ênio Pinheiro teria alguma tentativa de motim.
"Havia (indicação) no Urso Branco, mas conseguimos evitar E eles (os presos) agem de forma muito rápida. Quando tentaram causar as mortes há um mês, no Urso Branco, em menos de 50 segundos conseguiram quebrar as paredes para chegar em determinado local, por isso que a gente acabou optando por levar os presos para uma nova unidade", garante.
Conforme o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, não há nenhuma previsão de transferência de presos dos presídios estaduais para federais. "Não houve por enquanto nenhum pedido." Da mesma foram, ele negou qualquer solicitação da Força Nacional ou de apoio da Polícia Federal para ajudar nas investigações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.