Um homem foi preso em Goiânia, no Estado de Goiás, suspeito de espancar e torturar o irmão de 11 anos. O menino relatou que as agressões começaram há um ano e ocorriam todos os dias. Ele tem ferimentos na perna, na cabeça e em duas costelas. Os policiais que acompanharam o caso afirmam que nunca viram nada parecido.
“Tem um ano já de tortura. Ela (cunhada) que gosta de me amarrar muito. Me amarrava no pescoço e amarrava as minhas mãos. Me amarrava de um jeito que, se puxasse minha mão, ia me enforcar. Colocava ‘trem’ na minha boca para eu não falar, tipo um pano, passava fita. Tinha chute. Cinto era de vez em quando”, relatou o menino, que passou a viver com ele e a esposa após a morte do pai, pois a mãe vive no Maranhão.
O caso só foi descoberto porque uma vizinha viu os ferimentos no menino e chamou a Polícia Militar.
“A gente nunca percebeu nada mesmo. A gente só percebeu hoje quando o menino saiu do portão e estava mostrando [as agressões] para os outros meninos porque ele não estava aguentado a dor. Ele chorava muito. Ficou muito assustado”, declarou a vizinha, que prefere não se identificar.
A criança ainda conta que era proibida de comer e precisava cozinha escondido para se alimentar.
“Tinha vez que eu fazia macarrão pra mim”, relatou.
“Eu já vi muita coisa, mas a situação que eu encontrei essa criança hoje, eu nunca tinha visto. Quando eu entrei no barraco, a criança começou a chorar muito desesperada”, disse o soldado da PM Danilo Xavier, que acompanhou a ocorrência.
Na delegacia, o suspeito alegou que estava "nervoso" e foi a primeira vez que bateu no irmão.
“Eu estava agitado e caçando o meu perfume. Eu disse: ‘Cadê o meu perfume’. E ele: ‘Eu não sei’. Eu falei: ‘Rapaz’. Aí ele falou assim: ‘O menino entrou aqui dentro e pegou esse perfume’. Eu falei: ‘Moço, você está doido, não faz isso não’. Aí eu comecei a pegar a corda e levar nele. Ele caía para um lado e pegava num lugar não adequado. Entendeu? Porque eu queria bater na bunda dele para educar, corrigindo. Só isso que eu queria fazer”, disse o jovem.
Preso em flagrante por tortura, o jovem está detido na carceragem da Delegacia de Capturas. O inquérito deve ser concluído pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente, para onde já foi remetido junto com a corda apreendida no local e que era usada nas agressões.
A esposa do irmão da criança, acusada de participar das agressões, ainda não foi encontrada pela polícia.
“Certamente, a DPCA irá ouvir essa cunhada, uma vez que o próprio menor disse que ela o segurava para apanhar. Ela pode ser indiciada por tortura também. Inclusive, um dos instrumentos de tortura, que era uma corda, foi apreendida”, disse o delegado.
O menino foi levado para um abrigo pelo Conselho Tutelar, que estão em busca da mãe dele. Caso ela não seja localizada ou nenhum outro parente manifeste interesse em acolher o garoto, ele será levado para a fila de adoção. A mãe da criança, que ainda também não foi localizada, também pode responder criminalmente pelas agressões, sendo indiciada por abandono de incapaz.