Viajar de Manaus até o município amazonense de Japurá, a 744 km a noroeste da capital, é uma tarefa árdua. O motivo: o complexo trajeto dentro da maior bacia hidrográfica do planeta, a amazônica.
As viagens de transporte público e regular mais demoradas do País são feitas na Amazônia. A ligação mais rápida entre Manaus e Japurá, cidade de 7,3 mil habitantes no extremo oeste do País, na fronteira com a Colômbia, leva seis dias inteiros.
Quem vive intensamente essa maratona fluvial é o funcionário público afastado Raimundo dos Santos, de 51 aos. Morador de Japurá há 24 anos, já dedica 20 à vida pública, seja como vereador ou candidato a prefeito. Uma vida que exige essa locomoção intensa. "É um pouco cansativo. E, como o município fica perto da fronteira com a Colômbia, a polícia é sempre presente, por causa do tráfico de drogas. Estão sempre abordando os barcos", explica Santos.
Os tripulantes, segundo Raimundo, também são acostumados a prolongar o período de viagem por mais um ou dos dias pelos costumeiros problemas mecânicos nas embarcações. "Quase toda viagem dá problema", revelou. No barco recreio, a viagem de Japurá até Manaus custa em média R$ 200. No contrafluxo, sai por R$ 250.
Segundo Thiago Arantes, geógrafo do IBGE, a pesquisa procurou medir a acessibilidade. Por isso, o objetivo foi identificar qual a forma mais rápida e mais barata de se viajar de uma cidade a outra. No caso de diferenças entre ida e volta, o estudo considerou o trecho mais rápido. A ligação entre Manaus e Japurá é a mais inacessível.
Já a ligação regular mais inacessível do ponto de vista financeiro é a viagem entre Fortaleza e Pelotas (RS). A passagem de ônibus mais barata custa R$ 931,26. A viagem leva 76 horas, um pouco mais do que três dias. (Colaborou Vinicius Neder). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.