Smurfs, Bob Esponja, Shrek, miniparque de diversões, atrações circenses... Enquanto a decoração natalina dos shoppings está cada vez mais criativa, quem está perdendo seu lugar no trono central é o bom velhinho. O Papai Noel ainda não está com o emprego ameaçado, mas já não é mais a atração principal da maior parte dos centros comerciais. Levantamento feito pelo jornal 'O Estado de S. Paulo' em 35 shoppings da Grande São Paulo mostra que o personagem só está no centro do tema de decoração em cinco deles - nos demais, as filas para ganhar seu colo perdem espaço para outros chamarizes.
O fenômeno é nacional. No cardápio da empresa 2a1 Cenografia tem Barbie, Turma da Mônica, Dora Aventureira, Patrulha Canina e outros sucessos infantis. Dos 60 shoppings em todo o País que contrataram a empresa neste ano, apenas dois escolheram o Papai Noel como temática principal - nenhum deles na capital paulista
"Há dez anos, tudo era Papai Noel: Fábrica do Papai Noel, Doceria do Papai Noel, Casa do Papai Noel. Hoje ele ainda existe, mas é secundário", atesta Danielle Paulino, diretora comercial da empresa. "Os shoppings entendem que para ver Papai Noel você pode ir a qualquer um deles; já para ver determinado personagem, só naquele específico."
Com 36 natais na bagagem, Conceição Cipolatti também percebe a mudança. Sua empresa, a Cipolatti, decorou 130 shoppings do País neste ano, 30 na Grande São Paulo. Em 10% apenas o Papai Noel é figura principal - nenhum na capital paulista. "Claro que ele continua sendo importantíssimo. Ninguém prescinde dele. Mas a verdade é que muitos shoppings têm pedido para que a gente posicione o trono dele em locais de menos fluxo", diz. "Hoje tem Natal até da Liga da Justiça, do Batman, do Homem-Aranha. Acho sem graça. Já vi até do Shrek, aquela coisa feia e malcheirosa.. "
No West Plaza, na zona oeste da capital, a decoração mais tropical - um jardim encantado com cogumelos, borboletas, coelhos e até formigas gigantes - surpreendeu. "Não tem nada a ver com Natal essas chaleiras e esses cogumelos gigantes, mas está bonito", avalia a dona de casa Maria Inês Gialuizi, de 58 anos. Já o neto Gabriel, de 10 anos, sentiu falta do bom velhinho. "A neve poderia ter continuado e, em vez da borboleta, ter um Papai Noel."
O coordenador de projetos Clécio Abel, de 35 anos, estranhou o trono isolado, no meio de flores e bichos. "Mas a figura do Papai Noel é clichê mesmo. Prefiro essa ideia de natureza." O desenvolvedor de sistemas Gabriel Soares, de 29 anos, também aprovou. "As novas cores dão um astral melhor. Parece Alice no País das Maravilhas. Se eu fosse criança, seria uma festa."
A fantasia proporcionada por livros roubou a cena no MorumbiShopping, na zona sul. E, pela primeira vez, o centro comercial abriu mão de uma árvore de Natal. "A pinha traz a renovação; os livros, a sabedoria; e as borboletas, a transformação e a felicidade", resume a gerente de marketing Katia Ardito Gandini. O Papai Noel não é o tema, mas está lá. "Sempre trazemos os símbolos do Natal de alguma forma. Não faríamos decoração temática se ela não estivesse ligada ao Natal e a seus ícones."
Também na zona sul, o Vila Olímpia, por sua vez, preferiu enfatizar a diversão proporcionada por parques. Crianças podem brincar em carrossel, xícaras giratórias e escorregadores instalados no átrio principal. Ao Papai Noel foi reservado um outro espaço, no primeiro piso.
Um exemplo de shopping que resiste às tendências é o Pátio Higienópolis, na região central. Ali, o tema do ano é Casa Mágica do Papai Noel. "Apostamos nos símbolos tradicionais, que promovem esse encantamento para toda a família", diz a gerente de marketing Carol Romanini. "Nossa decoração traz as cores do Natal - vermelho, verde, dourado - com renas, trenó e o próprio Papai Noel, que recebe diariamente cartinhas e pedidos de crianças." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.