Dois dias após a decretação da intervenção federal na área de segurança pública do Estado do Rio, detentos da Penitenciária Milton Dias Moreira, em Japeri, na Baixada Fluminense, iniciaram uma rebelião neste domingo. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), havia reféns. Mas o ministro da Justiça, Torquato Jardim, garantiu que no final da noite os agentes penitenciários que estavam sendo mantidos reféns foram libertados.
O ministro Torquato Jardim afirmou que a rebelião em Japeri foi uma tentativa de fuga. "Os dois detentos que tentaram fugir já estão presos, os dois agentes penitenciários que foram feitos reféns já foram liberados, o Bope já ocupou. Agora é a parte final, negociando os termos da rendição", afirmou, por volta das 22h deste domingo.
Torquato não descartou que novas rebeliões possam acontecer no Rio, como resultado da intervenção no Estado, mas disse que os agentes de segurança estão preparadas. "Haverá tentativas, certamente haverá tentativas, mas nós, acredito eu, estamos preparados", afirmou. O ministro disse ainda que "era previsto" que alguns presídios pudessem ter reações ao decreto de intervenção na segurança do Rio. "Já era previsto, tanto é que os presídios federais estão com alerta máximo", afirmou. O alerta deverá se estender para as cadeias estaduais.
Segundo Torquato, "é natural que haja um desafio no primeiro momento", sobre a intervenção. "É natural que o crime organizado teste a capacidade de operação das forças federais", completou.
Conforme nota divulgada por volta de 19h45 pela Seap, inspetores de segurança e administração penitenciária frustraram, ainda de tarde, uma tentativa de fuga de internos na penitenciária. "Logo após, os internos iniciaram um motim. O Grupamento de Intervenção Tática (GIT) da Seap foi deslocado para a penitenciária. O Batalhão de Choque e diversas unidades da Polícia Militar (PM) também apoiam a ação diante da rebelião.
Mais cedo, a Seap havia informado que uma série de medidas especiais foram tomadas nas penitenciárias. Algumas delas estavam sendo planejadas antes do decreto de intervenção federal, publicado na última sexta-feira, mas foram antecipadas após o presidente Michel Temer tomar a medida.
Em nota, a Seap informou que a "intervenção abrange todos os setores da segurança pública e, dessa forma, coube ao secretário antecipar algumas medidas de controle, na intenção de evitar qualquer reação da população carcerária". Questionada, a secretaria não detalhou quais seriam as "medidas de controle".
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro informou hoje (18) que antecipou “medidas de controle” nos presídios do estado para impedir eventuais reações da população carcerária à intervenção federal na segurança pública do estado, decretada na última sexta-feira (15).
“Uma série de medidas operacionais foram adotadas, com o objetivo de impedir as instabilidades no sistema carcerário”, informou, em nota, o secretário de Administração Penitenciária, David Anthony. Q Seap não detalhou as medidas alegando “questões de segurança”.
Na nota, a secretaria estadual destaca que algumas das “medidas de controle” do sistema prisional do Rio de Janeiro estavam em andamento desde 24 de janeiro, quando David Anthony assumiu o comando do órgão. “Embora a crise na segurança pública do Rio de Janeiro tenha sido alvo de atenção agora, a da Seap ocorreu há um mês, quando assumimos a atual administração”, afirmou o secretário.
Desde sexta-feira, após assinatura do decreto de intervenção federal pelo presidente Michel Temer, a segurança pública do Rio de Janeiro está sob comando do coronel Walter Braga Netto, do Comando Militar do Leste, nomeado interventor.