Sem conseguir dar conta sozinhos do combate à violência, vários Estados têm solicitado o apoio das Forças Armadas ou da Força Nacional, em momentos críticos de insegurança. Integradas por Exército, Marinha e Aeronáutica e subordinada ao Ministério da Defesa, as Forças Armadas já foram acionadas 44 vezes desde 2010 para ações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), inclusive em Pernambuco, em dezembro de 2016, diante da ameaça de greve da Polícia Militar. Atualmente, tropas do Exército estão no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte, onde também atuam membros da Força Nacional (composta por policiais federais e estaduais), presente hoje em 11 Estados e com mais de 300 ações no currículo em 13 anos. Só em 2017, foram investidos R$ 429,7 milhões em operações da Força Nacional, de acordo com o Ministério da Justiça.
O Rio de Janeiro foi quem mais acionou a presença das Forças Armadas. Foram nove vezes, boa parte para atuação em eventos. Só na última operação, em andamento desde julho de 2017, o investimento é de R$ 47 milhões, segundo o Ministério da Defesa. “Mas agora é diferente. Antes, as Forças Armadas davam suporte às polícias. Agora, com a intervenção, o comando está nas mãos de um general e ele tem a missão de integrar as polícias, pois hoje elas não conversam, e fazer uma ‘limpeza’ nos policiais corruptos”, afirma Marco Túlio.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, já declarou que não há planos de se levar a intervenção para outros estados. E contesta a afirmação do senador Armando Monteiro (PTB-PE) de que Pernambuco está pior do que o Rio de Janeiro. “Pernambuco não vive uma crise econômica, fiscal e moral. Os últimos três governadores do Rio de Janeiro estão na cadeia. Hoje, 830 comunidades estão sob o controle do tráfico e das drogas, onde não se pode entrar. O calendário escolar não é cumprido, cultos e missas não acontecem à noite por insegurança. O Rio caminha a passos largos para uma situação que pode fugir de controle”, defendeu, em entrevista sexta à Rádio Jornal.
Jungmann também voltou a afirmar que as Forças Armadas não farão papel de polícia. “O Exército continuará fazendo bloqueio nas estradas, bloqueio marítimo; a Força Aérea, nos aeroportos; a Marinha, nos portos”. Já Marco Túlio comenta: “É possível, sim, fazer o papel de polícia, basta um arranjo legislativo. A morte de civis inocentes que estão falando que o Exército pode provocar ao subir nos morros é um discurso. Até porque a PM faz a mesma coisa e com menos treinamento. O Exército é capacitado também para a segurança pública, a GLO”.
Decretada no dia 16 e aprovada posteriormente na Câmara e no Senado, a intervenção traz no comando o general Braga Netto, que tem poder para nomear e exonerar qualquer um, até o dia 31 de dezembro deste ano.