A Anistia Internacional pediu ao governo brasileiro que esclareça o assassinato da vereadora e defensora dos direitos humanos Marielle Franco, um mês após sua execução.
Mulher negra que denunciava o racismo na sociedade brasileira e mãe solteira, Marielle Franco surpreendeu muitos ao ser eleita vereadora em 2016. Ela ganhou fama como ativista dos direitos humanos, particularmente por denunciar a violência policial nas comunidades.
Seu assassinato em 14 de março ainda não foi esclarecido, apesar das promessas do governo.
"Um mês depois do assassinato da Marielle Franco, a gente não teve ainda uma resposta de Estado sobre quem matou Marielle, quem mandou matar Marielle. A investigação não foi concluída e as autoridades não estão se pronunciando sobre o caso", disse à AFP Renata Nader, na Anistia Internacional Brasil.
Mais cedo, a diretora-executiva da organização, Jurema Werneck, disse em nota que "o risco e as ameaças em torno dos defensores e defensoras de direitos humanos aumentam".
"Grande parte dos homicídios de defensores de direitos humanos não são investigados, não são responsabilizados e essa impunidade nos casos de homicídios de defensores de direitos humanos acaba gerando um processo de ampliação do medo, um processo de silenciamento, de desmobilização e a gente não pode deixar isso acontecer?", afirmou Nader.
Marielle foi morta no bairro do Estácio, na região central da cidade, com quatro tiros na cabeça, após sair de um encontro de mulheres negras na Lapa (centro). No ataque também morreu o motorista do carro que a conduzia, Anderson Gomes.
No sábado, exatamente um mês depois do crime, vários eventos estão programados, incluindo uma homenagem ao nascer do sol e uma passeata ao final da tarde refazendo o percurso de Marielle naquele dia fatídico.
No dia 8 de maio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA), vai discutir em Santo Domingo, na República Dominicana, a questão da violência contra pessoas defensoras dos direitos humanos no contexto do assassinato de Marielle.
"O Brasil é um dos países onde mais se mata defensores de direitos humanos. Só em 2017, foram pelo menos 58 assassinados", afirmou Werneck.