Um homem que trabalhou para uma milícia do Rio de Janeiro procurou a polícia da cidade para contar que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e Orlando Oliveira de Araújo, um ex-PM preso acusado de comandar um grupo paramilitar, queriam a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL). Em depoimento, o homem forneceu detalhes de como, segundo ele, o assassinato foi planejado. As informações foram publicadas pelo jornal O Globo, na noite desta terça-feira (8).
Ainda de acordo com o Globo, a testemunha afirmou ter presenciado ao menos quatro conversas entre o político e o ex-policial que, mesmo preso, ainda chefiaria uma milícia na Zona Oeste do Rio. O homem também teria fornecido nomes de quatro homens escolhidos para o assassinato.
Durante um suposto encontro entre Orlando e Siciliano, o Globo relata que a testemunha disse ter ouvido os dois falando sobre a vereadora.
— Eu estava numa mesa, a uma distância de pouco mais de um metro dos dois. Eles estavam sentados numa mesa ao lado. O vereador falou alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando”.
Momentos depois, olhando para o ex-PM, o vereador disse: “Precisamos resolver isso logo”, afirmou a testemunha ao Globo.
Segundo O Globo, o homem também disse que a desavença entre o vereador e Marielle foi motivada pela expansão das ações comunitárias dela na Zona Oeste do Rio e sua crescente influência em áreas de interesse da milícia
A testemunha foi obrigada a trabalhar como segurança do miliciano depois que ele tomou a comunidade onde o delator instalava TV a cabo.
Procurado pelo Globo, Marcello Siciliano disse que não conhece Orlando de Curicica e afirmou que se trata de uma "notícia totalmente mentirosa".
De acordo com reportagem do jornal O Globo, a testemunha contou que, um mês antes da execução, o ex-PM, já na cadeia, teria dado a ordem para o crime. Um homem identificado pela testemunha como Thiago Macaco teria sido o encarregado de fazer o levantamento dos hábitos de Marielle.