Apontada pelos moradores como uma das líderes do Movimento de Luta Social por Moradia (MSLM) e responsável pela arrecadação dos valores de aluguel e taxa de manutenção do edifício Wilton Paes de Almeida, Nirelde de Jesus Oliveira, de 38 anos, disse à Polícia Civil que as alegações são "mentirosas".
Ela afirmou que não havia um valor fixo estabelecido, mas uma arrecadação voluntária quando havia necessidade de alguma manutenção. "É tudo mentira (sobre a cobrança). Tinha um grupo de mulheres que se reunia para discutir o que precisava ser arrecadado para, por exemplo trocar uma pia, um chuveiro, e a gente fazia uma espécie de vaquinha. Não tinha aluguel ou taxa"
Ângela Fabiano Quirino, advogada de Nirelde e dos outros dois apontados como líderes - Ananias Pereira dos Santos e Hamilton, disse que a mulher não tinha uma função de administração ou coordenação dentro da ocupação. "Ela era uma moradora, é tão vítima quanto eles", disse Quirino.
Nirelde morava com o marido e o filho no mezanino do prédio. Segundo os moradores, esse andar era reservado para os líderes ou pessoas próximas a eles.
O delegado seccional Marco Antônio Paula Santos, responsável pela investigação, disse que os depoimentos dos três apontados como líderes são contestados pelos moradores. Pelo menos 30 pessoas já prestaram depoimento desde o incêndio e desabamento do prédio. "Muitos detalhes (sobre o que eles disseram) são contestados ou vão no sentido contrário da maioria dos ouvidos. Todas as pessoas apontaram Nirelde como a responsável pela cobrança", afirmou.
Os três negaram à Polícia Civil serem líderes do movimento. "Todos se dizem tão somente moradores na mesma condição dos demais ou apenas colaboradores beneméritos", disse o delegado.
O delegado informou ainda que quer ouvir mais moradores para colher informações sobre as instalações elétricas do lugar. Nirelde disse que os moradores eram responsáveis por fazer suas próprias instalações e que todas elas estavam em bom estado de conservação.
"Alguns dizem que já havia instalações elétricas quando se mudaram pra lá, dizem que a conservação era bem ruim", explicou Santos.
Um homem que constava na lista de desaparecidos nos escombros do prédio foi encontrado vivo, nesta quarta-feira (9), em uma cidade na região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
A família informou à Polícia que Artur Hector de Paula, de 46 anos, está em Minas. A tia dele, Irani de Paula, havia registrado na segunda-feira (7), um boletim de ocorrência para informar o desaparecimento dele.