Imigrantes no Brasil: eles são bem recebidos no País?

Nessa terça-feira (3), venezuelanos foram encaminhados de Roraima para o Nordeste e o Sudeste do País, originando dúvidas sobre como eles serão recebidos
Kevin Paes
Publicado em 06/07/2018 às 22:28
Nessa terça-feira (3), venezuelanos foram encaminhados de Roraima para o Nordeste e o Sudeste do País, originando dúvidas sobre como eles serão recebidos Foto: Foto: Felipe Ribeiro/ JC Imagem


Desde meados de 2016, vários venezuelanos migram para o Brasil na tentativa de obter melhores condições de vida e oportunidades de emprego no País. Nessa terça-feira (3), 169 venezuelanos foram de Boa Vista, capital de Roraima, para Igarassu, na Região Metropolitana do Recife; para Conde, na Região Metropolitana de João Pessoa, na Paraíba, e para o Rio de Janeiro, na capital carioca. Dessa forma, acontece uma interiorização dos imigrantes.

Neste contexto, surge a dúvida de como os imigrantes vão ser recebidos pelos brasileiros e se eles vão ter oportunidades de emprego. Em Pernambuco, é possível observar vários imigrantes que conseguem trabalhar no Estado. No Mercado de São José, localizado no Centro do Recife, existem muitos estrangeiros que trabalham no local.

O peruano Smith Ramos é um deles, trabalhando como vendedor e no Brasil há dois anos. Ele conta que veio por conta de um relacionamento com uma brasileira e está criando seu filho com a companheira no País. Contudo, Smith ainda diz que é difícil encontrar trabalho no Estado. "A situação está ruim para todo mundo. Estou aqui há dois anos e sei das dificuldades para encontrar um emprego, pois passei seis meses para arrumar o meu com um amigo peruano. A situação econômica do Brasil é até pior que a do Peru para mim, mas estou aqui pela minha família", contou o imigrante.

 De acordo com o cientista político Wagner Santos, o Brasil não é um país preparado para receber imigrantes. No entanto, eles gostam da nação brasileira devido à boa receptividade dos brasileiros. “O Governo Federal garante para os imigrantes uma boa condição de vida. No entanto, eles gostam de vir para o País porque eles são muito bem recebidos pela população brasileira”, declarou o cientista.

 O imigrante chinês Back Han afirma que veio para o Brasil para trabalhar pois a China é um local de muita concorrência. “Eu vim há dois anos. Na China, tenho minha família, mas aqui existem mais oportunidades de emprego do que lá, onde a concorrência é forte”, esclareceu.

O chinês é empresário de uma loja no Mercado de São José e ficou um ano e meio no Rio de Janeiro, se mudando para Pernambuco há seis meses. Segundo ele, a receptividade brasileira é muito boa. “Aqui é muito tranquilo, o brasileiro é receptivo e eu pude fazer vários amigos no País”, explica.

Xenofobia

Wagner Santos diz que é incomum haver conflito entre brasileiros e imigrantes, podendo haver alguns casos específicos de xenofobia. “Acredito que os governantes não precisam ter um grande cuidado quanto a situação de xenofobia, claro que pode acontecer casos específicos, mas aqui a população é conhecida pela receptividade, podendo haver alguns casos específicos do preconceito contra os imigrantes mas sem generalização”, falou.

O peruano Smith Ramos diz que não enfrentou preconceito no Brasil. “Aqui é tranquilo, tenho mais amigos peruanos por falarem minha língua, mas tenho boa relação com os brasileiros. Acredito que há vantagens e desvantagens de estar em cada País, mas quanto ao preconceito, no Brasil, não tenho problemas.” disse o vendedor.

Refugiados x imigrantes

É importante ressaltar a diferença que existe entre imigrante e refugiado. O cientista político Wagner Santos conta que nenhum refugiado escapa da sua nação porque quer, mas sim, porque precisa. “O refugiado é aquele que sai do seu país de origem por conta de um governo autoritário ou por causa de uma crise bélica. Os venezuelanos estão no meio de um governo autoritário e precisam mudar de país”, explica Wagner.

Já o imigrante, em contrapartida, é uma pessoa que vai para outro país por escolha pessoal, sem ser motivado por conta de um governo ou uma guerra instalada na sua nação. Além disso, uma prova de que a vinda dos refugiados é uma necessidade, para o cientista político, é a vontade deles de quererem voltar ao seu país de origem, tendo uma esperança de que lá haja uma melhora econômica para que eles voltem para sua casa. “Eles precisam de ajuda, se mudam e querem mudar de vida. Mas muitos deles não esquecem de onde vieram e querem retornar para suas origens e cultura”, declarou.

Ajuda

Em meio ao emblema de receptividade por parte dos brasileiros, os venezuelanos estão precisando de ajuda para sobreviver em Igarassu. Roupas, alimentos e materiais de higiene são umas das necessidades dos refugiados, que mesmo não sofrendo mais com a fome e a falta de esperança de melhores condições de vida, necessitam da ajuda dos brasileiros.

Sete casas em aldeias infantis foram instaladas no Município para receber os refugiados. 69 venezuelanos foram instalados no local, sendo 35 mulheres, 34 homens e 36 crianças e adolescentes que estão em idade escolar. Se espera que todos eles tenham oportunidades de melhores condições de vida e que haja solidariedade para eles.

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