A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a pedir respeito a opiniões contrárias durante a audiência pública sobre a descriminalização do aborto que continua hoje (6) em um dos auditórios da Corte. “Eu sei que o exercício da tolerância é muito complicado. Se nós queremos que nossos pontos de vista sejam respeitados, vamos respeitar também o dos outros”, afirmou.
“Vamos manter respeito pelas posições que estão sendo externadas, pelas manifestações. Nós somos uma sociedade plural, todos nós temos nosso ponto de observação, temos visões de mundo próprias, e há divergência”, pediu Rosa Weber, que é a relatora da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) que busca descriminalizar o aborto até a 12ª semana de gestação.
“A divergência é salutar, por isso, esses diálogos, no caso específico entre sociedade e o Supremo Tribunal Federal são tão importantes, mas eles só são importantes se nós soubermos escutar o outro e aquilo que ele tem para nos dizer com o espírito desarmado”, acrescentou a ministra, que fez o pedido aos presentes após manifestações de desapreço à fala do representante da Federação Espírita Brasileira, Luciano Alencar, cuja fala foi contrária à descriminalização.
Rosa Weber lembrou que a audiência pública é transmitida ao vivo pelas TV e Rádio Justiça e que se alguém não puder conter sua “necessidade de exclamações” pode continuar a assistir ao evento de casa. Na abertura dos trabalhos, a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, também pediu tolerância entre os presentes.
Iniciada na última sexta-feira (3), a audiência pública sobre o aborto foi retomada na manhã desta segunda com a manifestação de 13 entidades ligadas a religiões. Após breve intervalo para almoço, o evento será retomado no período da tarde para exposição de representantes de outras 13 instituições ligadas aos direitos humanos.