Atualizada às 16h35
O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, se entregou na tarde deste domingo (16) à polícia de Goiás. O prazo para que ele se entregasse havia terminado às 14h desse sábado (16). Com isso, ele foi considerado foragido pelo Ministério Público e pela Justiça e teve seu nome incluído na lista de procurados da Interpol.
Acusado de abuso sexual, o líder religioso não era visto publicamente desde a última quarta-feira (12). Já havia uma expectativa de que ele se entregasse neste domingo em Goiás. Mais de 300 mulheres afirmam ter sido vítimas do religioso, segundo o MP-GO. A defesa nega.
Apesar de toda a polêmica envolvendo o líder espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos normalmente, permaneceu aberta até o horário do almoço deste domingo (16) e encerrou as atividades em seguida.
Durante a manhã, aproximadamente uma dezena de pessoas permanecia no local, a maioria estrangeiros, vestidos de branco. Enquanto alguns faziam orações, outros permaneciam em locais de meditação da Casa.
João de Deus se entregou na encruzilhada de uma estrada de terra de Abadiânia, às margens da BR-060. Toda a negociação foi feita entre o advogado do médium, Alberto Toron, e o delegado geral da Polícia Civil de Goiás.
Escondido em um sítio, João de Deus chegou ao encontro no veículo de um dos seus advogados, enquanto a polícia chegou em três carros.
Antes de se entregar à polícia, o médium, que é cardíaco, passou mal e, trêmulo, pediu para tomar um remédio sublingual.
O Ministério Público (MP) do Estado de Goiás confirmou neste domingo a informação de que o médium João de Deus retirou R$ 35 milhões de contas e aplicações financeiras após as primeiras denúncias de abuso sexual. A informação acelerou a decretação da prisão preventiva do médium, que ainda não se apresentou à polícia.
Entre as dezenas de mulheres que denunciaram o médium João de Deus por assédio sexual, está a própria filha dele, Dalva Teixeira. Na última quarta-feira (12) a Revista Marie Claire divulgou uma matéria, onde Dalva denúncia que foi estuprada diversas vezes pelo pai quando ainda era criança.
Ainda conforme a reportagem, Dalva está escondida por motivo de segurança, e é representada pelo Advogado Marcos Bocchini em um processo movido neste ano e que corre sob sigilo da Justiça de Goiás.
Uma rede de vítimas de abusos sexuais está envolvida no acolhimento das mulheres que teriam sido abusadas pelo médium João de Deus. O grupo Vítimas Unidas recebeu a primeira denúncia contra João de Deus há cerca de três meses.