Israel declarou Günter Grass persona non grata, aprofundando uma rusga com o vencedor do Nobel sobre um poema que faz duras críticas ao Estado judeu e sugere que o país é tão perigoso quanto o Irã. A disputa com Grass causou novas tensões na relação da Alemanha com o Estado judeu e jogou indesejável luz sobre o secreto programa nuclear de Israel.
Em um poema chamado "O que deve ser dito", publicado na última quarta-feira (4), Grass, de 84 anos, criticou o que descreveu como a hipocrisia do Ocidente sobre o programa nuclear de Israel e classificou o Estado judeu como uma ameaça para a "já frágil paz mundial" em meio a postura beligerante do país contra o Irã.
O poema tocou em um ponto sensível de Israel, onde autoridades rejeitaram qualquer comparação moral com o Irã e foram rápidos em observar que Grass admitiu em uma autobiografia, só em 2006, que foi convocado para a organização paramilitar nazista Waffen-SS, aos 17 anos, nos meses finais da Segunda Guerra Mundial.
A subsequente explicação de Grass, de que suas críticas foram dirigidas para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu não para o país como um todo, não acalmou os protestos.
No domingo, o ministro do Interior israelense, Eli Yishai, anunciou que Grass seria impedido de entrar em Israel, citando uma lei israelense que permite evitar a entrada de ex-nazistas. Porém Yishai deixou claro que a decisão era relacionada mais com o poema do que com as ações de Grass 70 anos atrás. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, acusou o vencedor do Nobel de antissemitismo.