O descarrilamento de um trem nesta quarta-feira (24) em Santiago de Compostela, no norte da Espanha, matou ao menos 77 pessoas e feriu outras 143, em uma das maiores tragédias da história ferroviária do país.
Os socorristas retiraram 73 corpos das ferragens do trem e quatro feridos morreram no hospital, disse à AFP um porta-voz do Tribunal Regional da Galícia na manhã desta quinta-feira.
De acordo com o governo regional, o trem transportava 222 passageiros e fazia a ligação entre Madri e a cidade de El Ferrol, na Galícia.
Segundo a imprensa espanhola, o excesso de velocidade foi a causa do acidente, em um trecho onde havia uma curva acentuada e limite de 80 km/h.
O jornal El País, que cita fontes das investigação, afirma que o trem estava a 180 km/h, muito acima do limite máximo para o trecho. Outro jornal espanhol, El Mundo, revelou que o trem viajava a 220 km/h no trecho limitado a 80 km/h.
O delegado do Governo da Galícia Samuel Juárez descartou a hipótese de atentado. "Foi um acidente. Não temos elemento algum que nos permita falar de outra cosa".
O acidente ocorreu no trecho da linha de alta velocidade, em uma curva a 4 km da estação de Santiago de Compostela, localidade de peregrinação conhecida em todo o mundo.
Um porta-voz da Renfe, a companhia ferroviária espanhola, disse que "é preciso esperar" para saber as causas do acidente, mas a "velocidade será conhecida em muito breve com a consulta das caixas pretas".
Logo após a divulgação das primeiras informações sobre o acidente, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, expressou seu "afeto e solidariedade" às vítimas, em sua conta no Twitter. Rajoy deve viajar na manhã desta quinta-feira (25) para Santiago de Compostela.
No Rio de Janeiro, onde participa das celebrações da Jornada Mundial da Juventude, o papa Francisco pediu que todos rezem pelas vítimas e suas famílias.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, pediu que fosse respeitado um minuto de silêncio antes de uma entrevista coletiva à imprensa. "O Papa foi informado ao chegar a sua residência no Sumaré. Ele se une à dor das famílias e pede que todos rezem e vivam na fé este trágico acontecimento", disse o padre Lombardi durante a coletiva.
Um porta-voz do Hospital Clínico de Santiago de Compostela revelou à AFP que 111 pessoas foram atendidas no local, sem dar maiores informações sobre o estado de saúde dos feridos. "A situação está sob controle", afirmou.
As imagens do local mostram vários vagões virados, sendo pelo menos um totalmente destruído.
Uma testemunha que estava no trem afirmou à rádio Cadena Ser que "parece que em uma curva o trem começou a descarrilar e os vagões ficaram uns sobre os outros."
Dezenas de ambulâncias levavam os feridos para hospitais da região. As autoridades lançaram um apelo para que as pessoas doem sangue para o atendimento aos feridos.
Muitos já atenderam ao pedido e foram ao Hospital Clínico de Santiago de Compostela. No Twitter, as mensagens pedindo doação de sangue em outras localidades da região se multiplicavam.
Francisco Otero, de 39 anos, contou à AFP que havia chegado ao local do acidente "um minuto depois". "Estava assistindo à televisão na casa dos meus pais e ouvi um grande estrondo. Era como se tivesse acontecido um terremoto", contou.
O acidente aconteceu no dia do Apóstolo Santiago, época de grande celebração na região da Galícia. Santiago de Compostela, capital da região e centro dos festejos, cancelou os eventos que deveriam ser realizados na noite desta quarta-feira em homenagem a seu santo padroeiro. A tradicional missa do dia de Santiago foi mantida "com um estrito protocolo de luto".
Este é um dos piores acidentes ferroviários da Espanha. Na década de 40, um trem que também viajava de Madri para a Galícia se chocou com uma locomotiva, deixando centenas de mortos. Em 1972, um outro acidente com o trem que ia de Cádiz a Sevilha (Andaluzia, sul) causou a morte de 77 pessoas.