Sri Lanka proíbe entrada de tâmeis em Colombo

O incidente ocorre a dois dias do início da cúpula da Commonwealth
da Agência Estado
Publicado em 13/11/2013 às 16:54


Mais de cem tâmeis que perderam familiares durante a guerra civil no Sri Lanka foram proibidos de entrar em Colombo, a capital do país, às vésperas da reunião de cúpula da Commonwealth, informa a emissora britânica BBC.

Os ônibus nos quais os integrantes de etnia viajavam foram parados por forças de segurança quando se aproximavam da cidade, em um sinal de que o governo do Sri Lanka fará o que estiver a seu alcance para impedir protestos da minoria tâmil.

O incidente ocorre a dois dias do início da cúpula, vista pelo governo cingalês como uma oportunidade para mostrar ao mundo um renascimento do país depois de décadas de guerra civil envolvendo as forças governamentais, dominadas pela maioria cingalesa, e os rebeldes do Exército de Libertação dos Tigres do Tamil Eelam (LTTE).

Aos poucos, porém, os desdobramentos parecem indicar que o tiro sairá pela culatra. Os líderes do Canadá e da Índia decidiram boicotar a cúpula, enquanto diversos outros chefes de Estado e de governo dos 53 países da Commonwealth precisaram justificar-se pela viagem e prometer uma censura aos governantes do Sri Lanka.

Aos 87 anos, a rainha Elizabeth II não participará do evento. No lugar dela, o Reino Unido enviará o príncipe Charles.

O governo do Sri Lanka nega que suas forças tenham cometido abusos durante os 27 anos da guerra civil, encerrada em 2009 com um saldo de dezenas de milhares de mortos. Mas as denúncias são de atrocidades generalizadas, com uma extensa lista de bombardeios de escolas e hospitais e massacres de civis tâmeis. Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta para crimes de guerra cometidos tanto pelo governo quanto pelos rebeldes.

Colombo nega-se a investigar as atrocidades, rejeita uma investigação independente, acusa a mídia de "inventar" as acusações e rechaça as críticas externas e os pedidos de investigações como atitudes invasivas. "Não existe espaço para que outros países reivindiquem o direito de julgar outros", queixou-se recentemente o chanceler cingalês, Gamini Peiris.

"É uma pena que a Commonwealth tenha chegado a isso", lamenta o ex-diplomata caribenho Ronald Sanders.

A escolha do Sri Lanka como sede, que dá ao país a presidência rotativa da entidade por dois anos, sugere o que ele qualificou como "falta de seriedade" em relação aos valores declarados da própria entidade - a democracia e a defesa dos direitos humanos. "Isto faz da Commonwealth uma organização hipócrita."

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