O presidente da Rússia, Vladimir Putin disse nesta terça-feira (26) que os integrantes da União Europeia (UE) devem parar de dizer "palavras duras" a respeito da situação na Ucrânia e afirmou que um acordo de livre comércio entre Ucrânia e UE seria uma "grande ameaça" à economia russa.
"Eu peço aos meus amigos em Bruxelas que contenham suas palavras mordazes", declarou Putin após reunião com o primeiro-ministro italiano Enrico Letta, em Trieste, na Itália. "Temos de estrangular setores inteiros de nossa economia para que gostem de nós?"
Putin disse que se a Ucrânia assinar um acordo de livre comércio com a UE, isso significaria que mercadorias europeias chegariam ao mercado russo praticamente sem tarifas, em razão de uma acordo de livre comércio já existente entre Rússia e Ucrânia.
"A Ucrânia tem de tomar sua decisão sozinha", disse ele, acrescentando que "a escolha sobre com quem assinar um tratado de livre comércio é uma decisão soberana da Ucrânia e nós respeitaremos a decisão, qualquer que seja."
O presidente russo disse que os setores agrícola, automobilístico e aeroespacial seriam afetados se bens europeus tiverem permissão para transitar pela Ucrânia sem tarifas. "Não queremos cair no desemprego", disse Putin.
Ele também lembrou que a Ucrânia e empresas ucranianas devem à Rússia mais de US$ 30 bilhões, o que inclui o fornecimento de energia. "Somos reféns desta situação", afirmou .
A Ucrânia tem registrado grandes manifestações desde a semana passada, quando Kiev anunciou que estava interrompendo os preparativos para a assinatura de um acordo político e comercial com a UE, depois de a Rússia ter imposto restrições comerciais e fazer ameaças ao país.
Os protestos são os maiores no pais desde a Revolução Laranja de 2004, que derrubou um governo abertamente apoiado por Moscou.
Líderes da UE acusaram a Rússia de pressionar política e economicamente seu vizinho a não assinar o Acordo de Associação durante uma cúpula de dois dias que começa na quinta-feira na cidade de Vilnius, na Lituânia.
A Rússia rejeitou a acusação e disse que Bruxelas "chantageia" a liderança ucraniana ao estimular as manifestações em Kiev.