Igreja Católica argentina batiza filha de lésbicas com Kirchner como madrinha

A presidenta argentina não compareceu à cerimônia, mas enviou em seu lugar um funcionário do governo
Da AFP
Publicado em 05/04/2014 às 14:53


A Igreja Católica argentina batizou neste sábado a filha de um casal de lésbicas em uma cerimônia que teve como madrinha a presidente Cristina Kirchner, no primeiro evento desse tipo no país, visto como um gesto de abertura da instituição conduzida pelo papa Francisco.

Umma, nascida em janeiro depois de ser concebida por fertilização assistida, recebeu o sacramento na Catedral de Córdoba (centro) com autorização do arcebispo Carlos Ñáñez e teve como madrinha aquela que mais apoiou a lei que permitiu o casamento entre Carina Villarroel (32 anos) e Soledad Ortiz (28) em 2013.

Kirchner não compareceu à cerimônia e enviou em seu lugar um funcionário do governo. "Ela deixou uma mensagem social muito grande ao aceitar o convite", afirmou Carina à AFP.

Embora existam antecedentes em outros países, o fato é inédito para um casal de lésbicas na Argentina, terra natal do papa Francisco, que, como arcebispo de Buenos Aires, opôs-se ao matrimônio homossexual, embora tenha defendido a concessão do batismo sem distinções em um país com 75% de católicos.

"Isto marca um precedente. A Igreja abriu uma porta muito grande depois de tanta luta e discriminação", disse Carina. Desde que foi eleito papa em 2013, Francisco promoveu um amplo debate sobre a família contemporânea e convocou dois sínodos (assembleias de bispos) para 2014 e 2015.

Temas tabu para a Igreja, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, as uniões de fato, o aborto, a adoção por casais homossexuais, a comunhão de divorciados e o controle da natalidade estão em um questionário enviado aos bispos de todo o mundo, o que permite prever decisões a respeito desses temas.

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