Base militar de Benghazi cai nas mãos de islamitas na Líbia

Desde 13 de julho, centenas de pessoas morreram e 400 ficaram feridas em conflitos
Da AFP
Publicado em 30/07/2014 às 9:32
Desde 13 de julho, centenas de pessoas morreram e 400 ficaram feridas em conflitos Foto: STR / AFP


O quartel-general da Unidade de Forças Especiais do Exército Líbio, a principal base militar em Benghazi, foi tomado na terça-feira (29) por grupos islamitas após vários dias de sangrentos combates, informaram oficiais e milicianos.

O "Conselho de Shura dos Revolucionários de Benghazi", uma aliança de grupos islamitas e jihadistas, anunciou em um comunicado a captura do quartel-general das Forças Especiais, o que foi confirmado por uma fonte militar líbia.

Esta última anunciou que "a base principal das forças especiais caiu nesta terça" nas mãos desses grupos, entre eles o Ansar Asharia, considerado uma organização terrorista por Washington.

Os combates se intensificaram há uma semana em Benghazi e já deixaram pelo menos 60 mortos desde o último sábado, 26 de julho - de acordo com fontes médicas locais.

"As forças especiais sob o comando do (coronel) Wanis Abu Khamada se retiraram depois de vários ataques", acrescentou a mesma fonte.

Essa foi a maior perda para o Exército líbio, que tenta, com dificuldades, se reorganizar após a queda do regime de Muanmar Kadhafi, em 2011.

Em sua página na Facebook, o grupo jihadista Ansar Asharia publicou fotos de seu arsenal de guerra: dezenas de armas e caixas de munição.

O Conselho da Shura dos Revolucionários de Benghazi anunciou no último fim de semana que havia tomado o controle de outras instalações militares do exército, mas este minimizou as supostas perdas.

 

General dissidente contra rebeldes

 

A unidade das Forças Especiais é uma das raras brigadas do Exército regular na Líbia. No entanto, a corporação anunciou seu apoio às operações do general dissidente Khalifa Haftar, embora sem se colocar sob seu comando.

Esse general dissidente realiza desde 16 de maio uma operação contra os grupos "terroristas" em Benghazi.

Acusado por seus críticos de aplicar um golpe de Estado, ele se beneficia do apoio de várias unidades regulares do Exército, incluindo a Força Aérea.

Na terça-feira, um avião militar líbio que participava dos combates apoiando as forças paramilitares deste militar dissidente caiu em Benghazi, segundo uma testemunha e uma fonte militar.

O piloto saltou com seu paraquedas e está são e salvo, declarou à AFP o general Sagr al-Kherushi, "chefe das operações das forças aéreas". Segundo uma testemunha, o avião explodiu ao tocar o solo.

"Até o momento imaginamos que se tratou de uma falha técnica ou que o avião foi atingido por um projétil", acrescentou al-Kherushi.

Segundo uma testemunha, pouco antes de cair esta aeronave estava atacando posições dos grupos islamitas. Esta fonte indicou que viu um paraquedas se abrir no céu antes da queda do avião.

Em Trípoli, um incêndio continuava devastando nesta quarta-feira um grande depósito de combustível. Ele foi provocado por combates entre milícias rivais e ameaça os habitantes da capital.

Nesta quarta-feira, a França retirou da Líbia por mar meia centena de cidadãos franceses e britânicos, anunciaram as autoridades francesas.

A repatriação dos franceses da Líbia foi pedida no Conselho de Ministros, declarou à imprensa o porta-voz do governo, Stéphane Le Foll, ressaltando que cidadãos britânicos foram repatriados ao mesmo tempo.

Segundo uma fonte diplomática francesa, 40 franceses, incluindo o embaixador na Líbia, e sete britânicos foram evacuados na madrugada desta quarta-feira em um barco da marinha francesa.

A chancelaria francesa declarou que "devido à situação de segurança, os locais ocupados por nossa embaixada em Trípoli foram fechados temporariamente" e "as atividades diplomáticas prosseguem a partir de Paris".

Desde 13 de julho, dia em que começaram os combates entre facções rivais, o que provocou o fechamento do aeroporto internacional da capital, uma centena de pessoas morreram e 400 ficaram feridas.

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