Mais de 400 soldados ucranianos em missão no leste do país se renderam e foram admitidos em território russo, anunciou uma fonte das forças de segurança de Moscou, uma informação confirmada apenas parcialmente por Kiev e sem o anúncio de um número concreto.
"Os soldados ucranianos solicitaram um corredor humanitário durante a madrugada de segunda-feira na fronteira entre Rússia e Ucrânia", afirmou Vasili Malaev, diretor regional do Serviço Russo de Segurança (FSB), citada pelas agências Interfax e Tass.
"Os guardas de fronteira russos abriram um corredor humanitário e admitiram 438 soldados do Exército ucraniano, que entregaram as armas. Entre eles estava um ferido, que foi hospitalizado em Gukovo" (sul da Rússia, perto da fronteira com a Ucrânia), completou Malaev.
Um porta-voz ucraniano procurado afirmou, sem divulgar um número, que soldados ucranianos "se viram obrigados a seguir para um posto de fronteira russo depois de uma tentativa de ataque".
"Mas esses soldados não se renderam", afirmou Oleksi Dimitrashkivski, porta-voz da "operação antiterrorista" contra os separatistas pró-Rússia no leste do país.
"Não tínhamos mais munição, não podíamos mais combater. Recebemos a ordem de atravessar a fronteira. Não queríamos nos render, mas era a única solução", contou à AFP um soldado visivelmente cansado, que não quis se identificar.
"Assim que pudermos, retornaremos à Ucrânia", assegurou. "É o nosso país e estou convencido de que nossa luta contra os rebeldes é justa", assegurou.Um de seus companheiros, Anton Chingara, elogiou "o tratamento dado pelo Exército russo a seus irmãos eslavos".
"Em uma palavra, lá (na Ucrânia) é um pesadelo", declarou a cerca de 20 jornalistas, no meio de grandes tendas onde a maioria dos soldados ucranianos descansavam.
"Nós construímos um acampamento onde eles recebem comida, onde poderão se lavar em um bania (sauna russa) e onde terão acesso a outras coisas essenciais, como uma boa noite de descanso", indicou. Malaev.
O governo russo não tardou a exibir à imprensa os soldados ucranianos recebidos em seu território, uma "operação humanitária", segundo o porta-voz regional do FSB.No mês passado, Malaev anunciou a rendição de mais de 40 soldados ucranianos.
As forças ucranianas tentam há várias semanas cortar as linhas entre os redutos insurgentes pró-Rússia de Lugansk e Donetsk, de um lado, e a fronteira Rússia-Ucrânia, do outro, pela qual o governo de Kiev afirma que os separatistas recebem armas e reforços.