Água de enchente eleva risco de epidemia na Caxemira

O ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, disse que um "grande número" de médicos do governo foi à região
Karol Albuquerque
Publicado em 16/09/2014 às 17:07
O ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, disse que um "grande número" de médicos do governo foi à região Foto: Foto: AFP


Autoridades médicas tentavam nesta terça-feira (16) lidar com a crise de saúde crescente na Caxemira após as fortes chuvas alagarem grandes partes do território. Eles tratam casos de diarreia, alergias de pele e fungos e esperam evitar que as águas paradas criem condições para uma epidemia de doenças mais sérias.

Centenas de carcaças de animais mortos flutuavam pela região inundada do Himalaia. Muitos moradores, alertados por especialistas para que evitassem as águas da enchente, racionavam garrafas de água trazidas por voluntários a cada poucos dias. De acordo com a autoridade nacional para gerenciamento de desastres, os médicos paquistaneses trataram ao menos 123 mil pacientes nas áreas afetadas pela enchente.

"A chance de uma propagação de cólera, icterícia e leptospirose é grande", disse o doutor Swati Jha, membro da organização não governamental Americares. "A necessidade mais essencial agora é água limpa."

As equipes de resgate indianas se apressavam para fornecer trabalhadores da Saúde, bombas de esgoto, filtros de água e 30 geradores de energia para abastecer acampamentos e hospitais. Os seis centros de saúde e as 80 equipes médicas do território já trataram mais de 53 mil pacientes, de acordo com o Exército, que mobilizou 30 mil soldados para os esforços de resgate e ajuda humanitária. Voluntários trataram outras centenas de doentes.

Mas médicos insistem que a necessidade da região é vasta e urgente, apesar de o clima mais ameno da área montanhosa ajudar a evitar a propagação de doenças. "Há chances bem altas de aparecimento de uma doença transmitida pela água ou uma epidemia devido ao superpovoamento", afirmou o especialista em tratamentos críticos, doutor Javaid Naqishbandi. Ele pediu que o governo envie vacinas e evite colocar grandes números de pessoas nos abrigos.

O ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, disse que um "grande número" de médicos do governo foi à região e prometeu enviar ainda mais medicamentos, equipes médicas e ferramentas para drenar e filtrar água.

A escala do desastre - descrita como uma "catástrofe sem precedentes" pela principal autoridade eleita da região - assustou muitos indianos, com os jornais publicando dia após dia fotos aéreas mostrando coberturas isoladas por águas marrons.

O território da Caxemira é dividido entre a Índia e o Paquistão, que disputam o controle da região. E ambos os lados sofreram com a devastação extrema, com dezenas de milhares de famílias perdendo todas as suas posses.

Na parte da Caxemira controlada pela Índia, mais de 200 pessoas morreram e outras 287 mil foram retiradas após casas, lojas e outros prédios acabarem alagados até o teto há duas semanas. No lado paquistanês da fronteira, onde as enchentes atingiram mais de 3 mil vilarejos, ao menos 328 pessoas morreram e 505 mil foram resgatadas.

Durante a madrugada desta terça-feira, as inundações atingiram ainda mais vilas no leste da província de Punjab, na Índia, e se moviam em direção à província de Sindh, afirmou a Autoridade de Gerenciamento de Desastres. "Os esforços de alívio e resgate continuam a todo vapor", disse a organização em depoimento, reassegurando que comida, barracas e cobertores estavam sendo distribuídos.

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