Escócia nas últimas horas da campanha para referendo sobre independência

Os analistas concordam que uma previsão é muito difícil, pois esperam que uma participação superior a qualquer eleição anterior no país
Da AFP
Publicado em 17/09/2014 às 13:55
Os analistas concordam que uma previsão é muito difícil, pois esperam que uma participação superior a qualquer eleição anterior no país Foto: Foto: BEN STANSALL / AFP


Nacionalistas e unionistas tomaram as ruas da Escócia nesta quarta-feira (17) para as últimas horas da campanha, um dia antes do referendo que decidirá sobre o rompimento ou a permanência no Reino Unido depois de 307 anos. As pesquisas apontam uma leve vantagem do "Não", mas com pequena margem, comparada ao número de indecisos.

Os analistas concordam que uma previsão é muito difícil, pois esperam que uma participação superior a qualquer eleição anterior no país. "Venceremos", disse o ex-primeiro-ministro trabalhista britânico Gordon Brown, escocês, que nas últimas semanas assumiu o comando da campanha unionista.

Brown discursou em um centro comunitário de Glasgow diante de centenas de pessoas e apelou para a história comum, em uma defesa da permanência da Escócia no Reino Unido. "Lutamos duas Guerras Mundiais juntos. Não há um cemitério na Europa em que não estejam lado a lado um escocês, um galês, um inglês e um irlandês. Quando lutaram, nunca perguntaram de onde vinham", disse.

O líder independentista Alex Salmond, chefe de Governo regional, escreveu uma carta aos escoceses com um pedido para que não deixem escapar a oportunidade. "Acordem na sexta-feira no primeiro dia de um país melhor. Sabendo que o fizeram, sabendo que fizeram com que acontecesse", escreveu Salmond.

"Isto é sobre deixar o futuro de vosso país em vossas mãos. Não deixem que a possibilidade escorregue. Não deixem que digam a vocês que não podemos. Vamos fazer".

Até mesmo uma derrota teria algo de vitória para Salmond, porque os partidos britânicos se comprometeram a ceder mais autonomia à Escócia caso o país permaneça no Reino Unido.

Salmond encerrará a campanha à noite em Glasgow, mas durante a manhã visitou uma fábrica no subúrbio da capital econômica da Escócia.

Além disso, ele deu uma entrevista à rádio BBC, após uma semana de tensão com a emissora pública, que ele acusa de cobertura tendenciosa da campanha, e se declarou seguro da vitória.

"Na sexta-feira, quando o "Sim" tiver vencido, e espero que por boa margem, os políticos de Londres cantarão uma canção muito diferente", disse, em uma referência aos acenos do primeiro-ministro David Cameron e os outros líderes aos escoceses.

Os independentistas se reuniram na praça George de Glasgow, onde exibiram seus símbolos diante da estátua do escritor Walter Scott. "Na sexta-feira vou sair e dançar um pouco pela cidade para celebrar", disse à AFP um sorridente Frank Evans, eleitor do "Sim", de 62 anos, que compareceu à praça com a filha.

PEQUENA VANTAGEM DO "NÃO" NAS PESQUISAS - Duas novas pesquisas divulgadas na terça-feira apontam uma pequena vantagem do "Não".

De acordo com o instituto ICM, o "Não" tem 45% das intenções de voto, contra 41% do "Sim", com 14% de indecisos. O instituto Opinium mostra um resultado de 49%-45%, com 6% de indecisos.

Mas os analistas advertem para a dificuldade de qualquer previsão, pois o índice de participação deve superar 80%, 30 pontos a mais que nas últimas eleições regionais. Além disso, o referendo deve receber os votos de setores da sociedade que normalmente não comparecem às urnas, como os moradores dos subúrbios pobres.

"Todas as previsões sugerem uma participação acima de 80%", disse Mary Pitcaithly, a funcionária que anunciará o resultado oficial na sexta-feira.

Os locais de votação abrirão as portas às 6h GMT (3h de Brasília) e os eleitores poderão comparecer até 21h GMT (18h de Brasília). Os resultados devem ser conhecidos no fim da noite ou durante a madrugada.

Quase 4,3 milhões de pessoas acima de 16 anos, residentes na Escócia - 97% dos que podem votar -, estrangeiros e britânicos incluídos, se registraram para participar no referendo.

"É um acontecimento que provocou o interesse do mundo pela Escócia como nunca antes", afirmou à AFP Magnus Gardham, editor de política do jornal The Herald.

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