Mês passado foi o agosto mais quente desde 1880

Este relatório é divulgado a poucos dias de uma importante cúpula na ONU sobre as mudanças climáticas
Da AFP
Publicado em 18/09/2014 às 17:30
Este relatório é divulgado a poucos dias de uma importante cúpula na ONU sobre as mudanças climáticas Foto: Foto: AFP


O mês passado foi o agosto mais quente de que se tem registro e 2014 pode se tornar o ano mais quente desde 1880, anunciou nesta quinta-feira a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, com base na média mundial de temperaturas sobre as superfícies de continentes e oceanos.

Este relatório é divulgado a poucos dias de uma importante cúpula na ONU sobre as mudanças climáticas, onde, segundo a enviada sobre o tema, Mary Robinson, será abordado seriamente o problema do aquecimento global.

A temperatura mundial de agosto de 2014 foi de 16,35º C, ou seja, 0,75 grau Celsius acima da média mundial de 15,6°C do século XX, segundo o relatório climático mensal da NOAA.

"Foi a maior diferença da média de qualquer mês no registro", disse Jake Crouch, cientista da NOAA, que ressaltou que os registros começaram em 1880.

A temperatura média mundial do semestre janeiro-agosto de 2014 também foi a mais quente da história: 0,68°C acima da média do século passado, de 14,0°C.

"Se este desvio da média permanecer no restante de 2014, vamos superar 2010 como o ano mais quente registrado até agora", dise Crouch a jornalistas.

Em outras palavras, se os meses que restam do ano também se situarem como os mais quentes até agora, 2014 será o ano mais quente no mundo do qual se tem notícia, explicou.

A maioria das temperaturas dos oceanos foram muito mais quentes que sua média do mês anterior, acrescentou.

Em terra, as temperaturas nos Estados Unidos se mantiveram dentro da média, mas partes de Europa, Ásia Central e Austrália estiveram entre a média e um pouco mais frio que a média.

Mesmo a chegada do El Niño, o fenômeno climático que esquenta as águas do Pacífico equatorial e produz uma temporada mais úmida que o normal, não parece que será suficiente para reabastecer as reservas de água da costa sudoeste dos Estados Unidos, devastada pela pior seca que sofreu em um século.

"Neste ano, o El Niño não será o herói que tirará a Califórnia da seca", disse Alan Haynes, hidrólogo da NOAA.

O ano de 2013 já havia sido um dos mais quentes no mundo desde 1880. A temperatura média combinada de terras e oceanos foi na época de 14,52ºC, ou seja, 0,62 grau a mais que a média do século XX.

Diante deste panorama, mais de 120 líderes devem participar da cúpula da ONU na próxima terça-feira, convocados a dar um novo impulso nos esforços para abordar a ameaça da mudança climática antes de uma conferência crucial em Paris, no próximo ano.

"Vamos ter a maior reunião de chefes de Estado já vista no tema do clima num momento em que o mundo sabe que temos que avançar com urgência", sustentou Robinson em uma entrevista à AFP na quarta-feira.

A ONU tenta limitar o aquecimento global a dois graus centígrados acima dos níveis pré-industriais, mas os cientistas dizem que as tendências anuais de emissão podem encaminhar as temperaturas a mais do dobro deste nível até o fim do século.

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