Comissão Europeia reforça segurança ante ameaças jihadistas

Atentados poderiam ter sido similares ao ataque contra o Museu Judaico cometido em maio, que deixou quatro mortos
Da AFP
Publicado em 22/09/2014 às 10:42


A Comissão Europeia reforçou nesta segunda-feira as medidas de segurança em função dos relatórios sobre a prisão de duas pessoas que teriam voltado da Síria e supostamente planejavam um ataque contra a sede do Executivo europeu, sem que esta ameaça tenha sido confirmada pelas autoridades.

No sábado, o jornal belga L'Echo afirmou que as autoridades belgas desbarataram vários atentados preparados por combatentes jihadistas que voltavam da síria.

Os atentados poderiam ter sido similares ao ataque contra o Museu Judaico cometido em maio, que deixou quatro mortos.

O suposto autor do ataque, o francês Mehdi Nemmouche, havia lutado durante mais de um ano na Síria ao lado dos jihadista.

Já o canal de televisão holandês NOS informou que a Comissão Europeia poderia estar entre os alvos de jihadistas que voltaram da Síria.

De acordo com a NOS, pelo menos duas pessoas detidas pelas autoridades belgas são provenientes da Holanda.

"Elas preparavam um atentado. Um dos alvos era o prédio da Comissão Europeia em Bruxelas", indicou a NOS, citando fontes anônimas.

"Os comissários não eram considerados alvos individualmente. A ação deveria ser parecida com a do ataque ao Museu Judaico (...) com o objetivo de matar o máximo de pessoas", acrescentou a NOS.

O suspeito do atentado ao Museu Judaico de Bruxelas, que deixou quatro mortos, é o francês Mehdi Nemmouche, que passou mais de um ano na Síria entre extremistas islâmicos e está atualmente preso na Bélgica, acusado de "assassinato ligado a um plano terrorista".

A promotoria antiterrorista belga confirmou nesta segunda-feira que procedeu à prisão de duas pessoas amparando-se na legislação contra o terror do início de agosto.

Em um comunicado, acrescentou que, em uma revista num local na Holanda antes da prisão dos dois suspeitos, acharam materiais que poderiam potencialmente servir para a fabricação de artefato explosivo.

"Mas não se trata de explosivo e não se pode estabelecer que sejam artefatos explosivos prontos para serem usados", indicou em um comunicado.

No entanto, as autoridades belgas assinalaram que não há indicações concretas sobre as informações da imprensa sobre um projeto de atentado contra prédios da Comissão Europeia.

Um porta-voz da Comissão afirmou neta segunda que não receberam qualquer informação sobre ameaças específicas.

"Contatamos as autoridades belgas, que confirmaram que não estavam a par de qualquer ameaça específica contra a Comissão Europeia", declarou o porta-voz Jonathan Todd.

Mas o Executivo comunitários decidiu, no entanto, reforçar as medidas de segurança.

Em um correio eletrônico interno, o comissário europeu encarregado dos temas de segurança indicou que decidiu elevar o nível de segurança dos prédios da Comissão, de acordo com a imprensa belga.

"Não foi identificada qualquer ameaça específica contra a Comissão e seu pessoal", indicou no correio Maros Sefcovic, encarregado de Assuntos Interinstitucionais na Comissão, acrescentando que, "por precaução, dentro do contexto internacional atual (...), pedi para elevar o nível de segurança nos prédios da Comissão". "Se necessário, serão colocadas em práticas medidas de segurança adicionais", acrescentou.

De acordo com o jornal L'Echo, o número de belgas que combateram na Síria chega a 400, sendo que 90 retornaram ao país.

"Partimos da base que, entre eles, um a cada nove tem a intenção de cometer um atentado. É uma avaliação conservadora, se considerarmos as pessoas que podem ajudá-los", afirmou uma fonte do governo ao jornal.

De acordo com a publicação, várias pessoas foram detidas, mas as autoridades não querem revelar os objetivos potenciais dos ataques para não chocar a população.

A Bélgica, assim como outros países europeus, se preocupa com o número crescente de seus cidadãos que combatem na Síria e no Iraque, antes de retornar ao país mais extremistas.

A Comissão Europeia tem vários prédios na capital belga. É um verdadeiro Poder Executivo do bloco comunitário e conta com uma administração de 30.000 pessoas.

Bruxelas abriga também o quartel-general da Otan e as sedes de várias empresas e organizações internacionais. Mas as medidas de segurança são discretas.

L'Echo também informou que as autoridades belgas impediram vários atentados de jihadistas que tinham voltado ao país depois de terem combatido na Síria e são simpatizantes do grupo Estado Islâmico (EI).

A AFP não constatou medidas de segurança fora do normal nas imediações do prédio Berlaymont, no entanto todos as autorizações para poder ingressar na Comissão estavam sendo controladas fora do prédio quando até então eram verificadas em seu interior.

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