A coalizão comandada pelos Estados Unidos contra o grupo Estado Islâmico bombardeou posições dos extremistas na cidade de Kobane na fronteira da Síria com a Turquia, nesta quinta-feira. Esse foi um dos ataques aéreos mais intensos realizados pelos aliados desde o início da campanha, segundo avaliação de autoridades curdas e de ativistas.
Apesar dos bombardeiros durante a madrugada e na manhã desta quinta-feira, o Estado Islâmico conseguiu capturar uma delegacia na região leste da cidade, afirmou o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, com sede em Londres. A unidade policial foi então atacada pelos aliados e destruída.
Segundo a entidade, que acompanha a guerra na Síria por meio de informações de ativistas locais, os militantes agora controlam um terço de Kobani. A informação, no entanto, é negada por um porta-voz dos curdos, Idriss Nassan. Ele confirma que os extremistas tomaram controle da unidade policial e que esta foi demolida, mas diz que o Estado Islâmico detém "apenas uma pequena parte de Kobani".
Nassan e o Observatório confirmam que mais de vinte bombardeios foram registrados nos arredores da cidade desde a tarde da quarta-feira.
A luta por Kobani trouxe a guerra civil da Síria mais uma vez às portas da Turquia. Por isso, aliados tentam convencer Ancara a adotar uma posição mais firme na coalizão de ataque ao Estado Islâmico. Também fazem críticas de que o governo turco permanece com seus tanques estacionados na fronteira com a Síria, perto da cidade sob ataque, sem agir.
O ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse nesta quinta-feira que é irreal esperar que o país inicie um ataque terrestre contra os extremistas sem apoio externo. Cavusoglu discursou em uma coletiva de imprensa com o dirigente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, que, por sua vez, ressaltou a importância da união da comunidade internacional no combate ao Estado Islâmico.
No evento, Cavusoglu disse ainda que a Turquia está preparada para assumir um papel maior, quando chegar a um acordo com a coalizão liderada pelos EUA.
Os militantes começaram a atacar Kobani em setembro, capturando diversos vilarejos próximos até sitiar a cidade. O conflito fez com que ao menos 200 mil habitantes da região fugissem pela fronteira com a Turquia.