O grupo Estado Islâmico (EI) afirmou que entregou mulheres e crianças yazidis capturadas no norte do Iraque a seus combatentes como 'prêmio' de guerra, com a pretensão de ter restabelecido a escravidão em seu "califado".
Na edição mais recente de sua revista de propaganda, Dabiq, publicada no domingo, a organização extremista sunita admite pela primeira vez de forma aberta que está entregando como escravos os integrantes da comunidade yazidi, que pratica uma religião sincretista.
Dezenas de milhares de yazidis, minoria que vive principalmente na região norte do Iraque, foram obrigados a abandonar suas casas em consequência da ofensiva jihadista na área. No mês de agosto, milhares de yazidis ficaram bloqueados nas montanhas de Sinjar durante vários dias e muitos foram massacrados. As autoridades não têm notícias sobre o paradeiro de centenas de mulheres e crianças.
Em um artigo que tem como título "A recuperação da escravidão antes da hora", a Dabiq afirma que ao escravizar pessoas acusadas de professar uma crença religiosa desviada, o EI restaurou o sentido original de um preceito da "sharia", a lei islâmica.
"Após a captura, as mulheres e crianças yazidis foram divididas, segundo a sharia, entre os combatentes do Estado Islâmico que participaram nas operações de Sinjar", afirma o texto. A Dabiq explica que os cristãos e judeus têm a opção de pagar um imposto ou converter-se ao islã, mas que esta condição não aplica aos yazidis, chamados de "politeístas".
O EI proclamou em 29 de julho a criação de um califado nos territórios sob seu controle no Iraque e na Síria, onde cometeu várias atrocidades, como sequestros, estupros e assassinatos.