Obama apela por eleições livres na Birmânia, ao lado da líder de oposição

Aung San Suu Kyi apontou a Constituição do seu país como o principal obstáculo à concretização de eleições legislativas 'justas'
Giovanna Torreão
Publicado em 14/11/2014 às 7:17
Aung San Suu Kyi apontou a Constituição do seu país como o principal obstáculo à concretização de eleições legislativas 'justas' Foto: Foto: AFP


O presidente norte-americano, Barack Obama, pediu hoje (14), em Rangum, maior cidade da Birmânia, eleições “livres e democráticas” que serão realizadas no próximo ano no país, em coletiva de imprensa conjunta com a líder da oposição, Aung San Suu Kyi.

Um dos artigos da Constituição, herdada da época da junta militar, impede a líder da Liga Nacional para a Democracia (LND), de 69 anos, de se candidatar à Presidência, por ter sido casada com um estrangeiro.

O líder norte-americano disse aos jornalistas que “o processo de revisão constitucional precisa refletir a inclusão, em vez da exclusão”. "Não entendo uma disposição que impeça alguém de concorrer à Presidência devido à identidade do pai dos seus filhos”, afirmou Obama.

Aung San Suu Kyi, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, apontou a Constituição do seu país como o principal obstáculo à concretização de eleições legislativas “justas” no próximo ano. Segundo Aung San Suu Kyi, a Constituição “é injusta e antidemocrática”.

O seu partido é, no entanto, apontado como tendo possibilidade de ter um bom resultado nas próximas eleições. Para o presidente norte-americano, a democratização na Birmânia "não foi ainda atingida, nem é irreversível".

Como ocorreu há dois anos, eles encontraram-se na casa de Aung San Suu Kyi, ícone da democracia, que passou vários anos em prisão domiciliar até a dissolução, em 2011, da junta militar que esteve no poder por cerca de 50 anos.

Entre os dois encontros, aumentaram os receios em relação à transição democrática na Birmânia. Alguns dias antes da chegada de Obama, Aung San Suu Kyi disse acreditar que o processo de transição foi "manipulado".

A violência contra a minoria muçulmana, a incerteza sobre as regras que vão reger as eleições legislativas e as ameaças à liberdade de imprensa são algumas das preocupações descritas como entraves à democratização no país.

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