A China deixará de extirpar os órgãos dos prisioneiros executados, informa a imprensa, mas esta não é a primeira vez que o governo promete abolir a prática, muito criticada pelos defensores dos direitos humanos.
A partir de 1 de janeiro, o país "deixará por completo de recorrer" à extração dos órgãos dos executados para abastecer os hospitais, afirmou Huang Jiefu, diretor do Comitê Chinês de Doação dos Órgãos, citado pelo jornal Nanfang Dushibao.
Ele afirmou ainda que o país terá apenas a doação voluntária. Huang Jiefu, que já foi vice-ministro da Saúde, afirmou que a cada ano 300.000 pessoas precisam na China de um transplante urgente, mas acontecem apenas 10.000 operações.
Para cada um milhão de chineses, apenas 0,6 é doador de órgãos, destacou Huang. Segundo a tradição chinesa, os mortos devem ser enterrados sem sofrer nenhuma mutilação e poucas pessoas aceitam que um parente falecido tenha os órgãos retirados.
Com a falta de órgãos para transplantes, boa parte das cirurgias são feitas com órgãos de executados, geralmente sem o consentimento das famílias, segundo as organizações de defesa dos direitos humanos, o que o governo nega. As autoridades chinesas já prometeram diversas vezes acabar com a prática, sem sucesso.
A China, o país com o maior número de execuções no mundo, aplicou a pena capital em 2.400 pessoas no ano passado, segundo a ONG Dui Hua, que tem sede nos Estados Unidos. Pequim não divulga um balanço oficial.