Polícia caça autores de massacre na Charlie Hebdo pelas ruas de Paris

Os irmãos de origem argelina Chérif e Said Kouachi estão sendo procurados pela polícia
AFP
Publicado em 08/01/2015 às 20:06
Os irmãos de origem argelina Chérif e Said Kouachi estão sendo procurados pela polícia Foto: AFP


Uma perseguição desenfreada acontecia nesta quinta-feira (8) na França para capturar os dois irmãos suspeitos de terem cometido o atentado contra a revista "Charlie Hebdo", tendo como pano de fundo o luto nacional e homenagens às vítimas.

Os irmãos de origem argelina Chérif e Said Kouachi, de 32 e 34 anos, respectivamente, foram vistos nesta quinta de manhã pelo gerente de um posto de gasolina ao sul da pequena cidade de Villers-Cotterêts (80 km ao nordeste de Paris), na região administrativa da Picardia.

Segundo uma fonte policial consultada pela AFP, eles agora estariam sem carro, andando "encapuzados e armados com kalashnikovs e lança-foguetes à mostra".

Homens do RAID e do GIGN, unidades de elite da polícia e da gendarmeria francesas, foram mobilizados para essa área, onde o nível máximo de alerta antiterrorista foi decretado. Até o momento, apenas a região parisiense se encontrava sob esse status.

Usando capacetes e uniformes pretos, os policiais patrulhavam as estradas, fazendo controle de veículos, além de revistarem os jardins das casas e as ruas do cidade, de acordo com imagens transmitidas pelas emissoras de televisão locais. Helicópteros também sobrevoavam a região.

"A prioridade é perseguir e deter os terroristas que cometeram este atentado. Milhares de policiais, gendarmes e investigadores estão mobilizados", declarou o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.

Nove pessoas ligadas aos dois suspeitos foram detidas e estão sendo interrogadas, informou nesta quinta-feira o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve. De acordo com o ministro, Said Kouachi foi "formalmente reconhecido em uma foto como o agressor", e várias batidas foram feitas em sua casa em Reims (nordeste da França).

A dupla foi identificada depois que os investigadores encontraram o documento de identidade de um deles no carro usado para praticar o atentado. Na fuga, o veículo foi abandonado pelos agressores.

Cazeneuve contou ainda que Chérif foi descrito por seus cúmplices "como violentamente antissemita". Ele já havia sido condenado em 2008 a três anos de prisão, sendo um ano e meio de condicional, por participação em uma rede de envio de combatentes ao Iraque para abastecer a rede Al-Qaeda.

A hipótese de terrorismo islâmico, adotada na investigação, rapidamente considerada depois que os agressores gritaram "Allah Akbar", foi reforçada pela descoberta de uma bandeira jihadista e de vários coquetéis molotov no carro abandonado em Paris, ao fugirem, na quarta-feira.

Já a condição de islamita de seu suposto cúmplice, Hamyd Mourad, de 18 anos, foi colocada em xeque nesta quinta pelos testemunhos de vizinhos e companheiros de turma. Segundo esses depoimentos, Mourad esteve na escola de Ensino Médio, onde estuda "toda a manhã de quarta-feira", e que "não tem nada a ver" com os fundamentalistas muçulmanos.

Desde a tarde de ontem, vários locais de culto muçulmanos foram alvo de ataques em diferentes cidades da França, prováveis atos de vingança pelo atentado contra a revista. A polícia, que prefere não estabelecer qualquer vínculo formal entre os incidentes e o atentado de quarta-feira, busca um homem que feriu gravemente duas pessoas em um subúrbio do sul de Paris. Uma delas, uma policial, morreu pouco depois.

Uma nova reunião governamental de crise foi realizada pela manhã no Palácio do Eliseu, comandada pelo presidente François Hollande.

Na noite desta quinta-feira, milhares de pessoas voltaram a se reunir na praça da República, em Paris, e também em outras cidades da Europa, de Lisboa a Moscou, para homenagear as vítimas do ataque.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e o conjunto das forças políticas do Conselho de Paris convocaram um ato silencioso - mas as palavras de ordem não demoraram a aparecer. 

O atentado contra a "Charlie Hebdo", o mais letal cometido na França em meio século, já tinha levado mais de 100 mil pessoas às ruas em diferentes cidades francesas na tarde de quarta-feira e também provocou indignação no mundo todo.

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