A mulher de Chérif Kouachi, um dos dois autores do massacre do jornal satírico Charlie Hebdo, "condenou os atos do marido", afirmou neste domingo (11) à AFP seu advogado, Christian Saint-Palais, um dia depois do repúdio manifesto pela mãe e as irmãs do jihadista Amedy Coulibaly, que matou quatro reféns em um mercado judaico em Paris.
A jovem foi liberada após permanecer 72 horas sob custódia, durante as quais ela "expressou sua indignação e sua condenação à violência". Ela também disse pensar nas vítimas e teve "a mesma reação da comunidade nacional" francesa com relação ao ataque, afirmou o advogado, momentos antes da multitudinária marcha deste domingo em repúdio aos ataques.
Segundo o advogado, a jovem nunca suspeitou do envolvimento do marido com atos terroristas. Ela ficou "estupefata", assegurou.
Chérif Kouachi, de 32 anos, e seu irmão, Said, mataram doze pessoas, na quarta-feira, durante o ataque à sede do jornal satírico Charlie Hebdo. Foragidos durante dois dias e cercados em uma gráfica no nordeste de Paris, eles foram mortos na sexta-feira pela polícia, contra a qual abriram fogo.
Em nota enviada à AFP no sábado, a mãe e as irmãs do "jihadista" francês Amedy Coulibaly "condenaram" os atentados cometidos em Paris nos últimos dias e apresentaram suas "sinceras condolências" às famílias das vítimas.
"Eu, a mãe de Amedy Coulibaly, e todas minhas filhas apresentamos nossas sinceras condolências às famílias das vítimas da loja Hyper Cacher, à família da policial (guarda) municipal de Montrouge, assim como às vítimas do Charlie Hebdo", destacou a nota.
"Condenamos esses atos. Não compartilhamos, de modo algum, essas ideias extremas. Esperamos que não haja analogia entre esses atos odiosos e a religião muçulmana", declararam.
"Desejamos, finalmente, que todos os cidadãos fiquem unidos e sejam solidários, como somos com as famílias das vítimas", concluíram.
Na sexta-feira, em conversa com um jornalista da AFP, as três irmãs de Amedy Coulibaly não o descreveram como um radical, mas como um moderado. Nenhuma delas, aliás, usava o tradicional véu.
"Ele não é assim", garantiu uma delas, que o apresentou como moderado. "Sei que ele fazia a reza, o Ramadã e um pouco mais", disse a outra. "Ele passou a vida na prisão, e eu, trabalhando", comentou a terceira irmã.