Um "delírio de perseguição" que seria resultado "de abuso de drogas e de álcool" levou dois irmãos de Santa Catarina a dizer que sofriam ameaça de sequestro na região de Cancún, no México. A conclusão é da polícia mexicana, segundo a Procuradoria-Geral de Justiça de Quintana Roo, Estado ao qual pertence Playa del Carmen e onde estavam os irmãos Dealberto Jorge da Silva Júnior, 35, e Fernando Luís da Silva, 33.
O mais velho morreu após cair de um prédio na madrugada de domingo (11). Segundo boletim do órgão divulgado nesta quarta (14), o resultado das investigações aponta que Dealberto morreu por fratura crânio-encefálica após uma queda acidental.
O procurador Gaspar Armando García Torres concluiu que "nunca existiu ameaça de sequestro e que tudo foi uma paranoia que sofreram devido ao consumo excessivo de droga e álcool", o que Fernando admitiu em depoimento.
Apesar de questionada pela Folha, a Procuradoria não menciona no documento se a conclusão foi confirmada por exame toxicológico no corpo da vítima.
O comunicado afirma que os irmãos estavam instalados em um hotel de Playa del Carmen e que aceitaram hospedar uma mulher russa identificada como Ekaterina Vasileva a pedido de um amigo.
Ela disse à polícia que, depois de romper com o namorado, um amigo brasileiro pediu aos irmãos catarinenses que a hospedassem.
Com base em relatos de testemunhas, a polícia concluiu que, na madrugada de sábado (10), véspera da morte, os irmãos saíram com Ekaterina e outro brasileiro e consumiram "álcool em excesso e vários tipos de drogas".
Fernando admitiu o fato às autoridades e contou que discutiu com Ekaterina depois disso "por razões sem sentido". Quando empregados do hotel pediram calma, eles correram. À noite, no hotel, combinaram de se desfazer de seus celulares para evitar serem rastreados e de seus sapatos para não serem identificados. Como continuavam com a ideia de perseguição, se separaram para tentar se esconder.
Antes disso, Fernando enviou uma mensagem de celular a um familiar, dizendo temer um sequestro. Fernando também disse à polícia que, do esconderijo, notou a movimentação de patrulhas e soube que uma pessoa havia morrido, supondo que se tratava de seu irmão.
A seguir, foi de táxi até Cancún, onde perambulou até seu dinheiro acabar. Depois, ligou para um amigo, que contatou uma pessoa para ajudá-lo.
Ele admitiu, segundo a polícia mexicana, que "nunca houve sequestro nem perseguição, mas que tudo foi resultado do efeito das drogas".