Facção egípcia do Estado Islâmico reivindica atentados no Sinai

Imediatamente após os ataques, o exército lançou novas ofensivas e na madrugada desta sexta-feira
Da AFP
Publicado em 30/01/2015 às 11:10


Novos confrontos entre o exército e jihadistas mataram duas crianças nesta sexta-feira na instável península do Sinai egípcio, onde 30 pessoas, em sua maioria soldados, morreram em ataques de extremistas que o exército não consegue conter.

A grande campanha lançada há mais de um ano no norte do Sinai para conter a insurgência jihadista não consegue deter os regulares atentados contra as forças de segurança desde que o exército depôs o presidente islamita Mohamed Mursi, em julho de 2013.

Na quinta-feira à noite, 30 pessoas morreram em ataques coordenados e rapidamente reivindicados pela facção egípcia do Estado Islâmico (EI), Ansar Beit al-Maqdess, o principal grupo jihadista no país.

O Ansar Beit al-Maqdess (Os partidários de Jerusalém), baseado no Sinai, recentemente jurou fidelidade ao Estado Islâmico. 

Imediatamente após os ataques, o exército lançou novas ofensivas e na madrugada desta sexta-feira, duas crianças foram mortas em confrontos entre os militares e os jihadistas.

Um bebê de seis meses morreu depois de ser atingido por uma bala na cabeça, e uma criança de seis anos morreu na queda de um foguete, no norte da península, disseram autoridades da saúde.

Os corpos das 30 vítimas de quinta-feira foram transferidos para o Cairo por aeronaves do exército, de acordo com as autoridades.

O principal ataque ocorreu no centro de Al-Arish, capital da província de Sinai do Norte. Foguetes foram lançados contra a sede da polícia e uma base militar adjacente, antes de um suicida lançar seu carro cheio de explosivos contra o portão de entrada da base, de acordo com autoridades da segurança.

Poucos minutos depois, um foguete atingiu um complexo residencial nas proximidades, que abriga os oficiais. Neste ataque, pelo menos 25 pessoas foram mortas, a maioria soldados.

Um soldado foi morto em outro ataque contra um posto de controle do exército em Rafah, na fronteira com a Faixa de Gaza palestina. Além disso, um policial morreu na explosão de uma bomba na cidade de Suez.

Sissi retorna ao Cairo

 Sinal da gravidade da situação, o presidente Abdel Fattah al-Sissi interrompeu uma visita à Etiópia e voltou para a capital egípcia depois de participar da abertura da cúpula da União Africana.

Washington, aliado do governo egípcio, condenou energicamente os ataques terroristas, dizendo que os Estados Unidos vão continuar "a apoiar os esforços constantes do governo egípcio para combater a ameaça terrorista no Egito."

O Irã, por sua vez, condenou o ataque e apelou para a "cooperação dos países da região contra o extremismo e o terrorismo".

Apesar de o exército egípcio afirmar que os ataques foram orquestrados em resposta às operações bem-sucedidas realizadas pelas forças de segurança contra os jihadistas, as operações militares estão longe de ter reduzido a força de ataque dos extremistas.

No final de outubro, 30 soldados morreram perto de Al-Arish em um grande ataque contra um acampamento militar, reivindicado pelo Ansar Beit al-Maqdess.

Após o ataque, o mais mortal em anos, as autoridades declararam estado de emergência em um perímetro do norte do Sinai, indo de Al-Arish a Rafah. Este estado de emergência, que é acompanhado por um toque de recolher, foi recentemente prorrogado por três meses.

O exército também iniciou a construção de uma zona tampão ao longo da fronteira com Gaza, suspeitando da existência de tráfico de armas e a passagem de jihadistas do enclave palestino.

Os jihadistas dizem agir em retaliação à repressão implacável de partidários de Mursi, que deixou pelo menos 1.400 mortos. Centenas de islamitas também foram condenadas à morte em julgamentos de massa e cerca de 15.000 foram presos.

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