O exército do Chade iniciou nesta terça-feira sua ofensiva terrestre na Nigéria contra o grupo islamita Boko Haram, e se posicionou no Níger, na fronteira nigeriana, após violentos combates contra os extremistas.
Esta é a primeira vez que as tropas chadianas, que se mobilizaram em meados de janeiro em Camarões com o objetivo de combater o Boko Haram, entram na Nigéria, cujo exército tem sido muito criticado por sua ineficácia na luta contra o grupo islamita.
A ofensiva do Chade ocorre com a aproximação da eleição presidencial nigeriana em 14 de fevereiro, onde o chefe de Estado Goodluck Jonathan briga por um novo mandato em um país minado pelos atentados e ataques do Boko Haram.
O presidente escapou na segunda-feira de um atentado-suicida na saída de um comício no noroeste da Nigéria, região controlada em grande parte pelo Boko Haram.
O atentado no estacionamento do estádio de Gombe poucos minutos após a partida de Jonathan, segunda-feira à tarde, ainda não foi reivindicado, mas duas mulheres-bombas teriam detonado seus explosivos, segundo fontes médicas.
As tropas do Chade estão posicionadas desde segunda-feira na fronteira do Níger com a Nigéria, onde podem entrar sem problemas a qualquer momento para combater o Boko Haram, segundo indicou nesta terça-feira a imprensa nigeriana.
"Um contingente de cerca de 400 veículos e de tanques está posicionado de Mamori a Bosso", duas localidades separadas da Nigéria apenas por um rio, o Komadugu Yobé, cujas águas baixaram possibilitando a passagem dos soldados, indicou uma fonte da segurança à AFP.
'Em toda a cidade'
Muitos habitantes de Bosso saíram de suas casas para aplaudir a chegada dos soldados.
"Eles estão por toda a parte. É o fim do Boko Haram!", comemorou um deles.
Nos últimos dias, as forças militares chadianas enfrentaram a resistência de jihadistas do Boko Haram principalmente na cidade de Gamboru, na Nigéria, tomada há vários meses pelos extremistas.
As operações aéreas contra Gamboru duraram quase uma hora. Em seguida, blindados do exército chadiano venceram os obstáculos colocados pelos jihadistas, entrando na cidade.
Nesta cidade, cerca de 2.000 soldados se estabeleceram.
Já as forças camaronesas, e principalmente da unidade de elite, o Batalhão de Intervenção Rápida, que protegiam a cidade vizinha de Fotokol há meses, permaneceram em suas posições, constatou um jornalista da AFP.
A Nigéria anunciou na segunda-feira à tarde a retomada do controle de Gamboru, enquanto o exército chadiano atacou por três dias consecutivos as posições do Boko Haram.
O Boko Haram assumiu o controle de várias cidades ao longo da fronteira nordeste da Nigéria, multiplicando seus ataques em países vizinhos e se aventurando em especial nos Camarões.
A força regional que deveria lutar contra o grupo islâmico se retirou de sua base em Baga, na margem sul do lago Chade, na Nigéria, devido às disputas entre Abuja e seus vizinhos, abrindo caminho para os islamitas, que cometeram desde o início de janeiro massacres e destruição maciça, qualificadas como "crimes contra a humanidade" por parte da comunidade internacional.
A insurgência Boko Haram deixou mais de 13.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados na Nigéria desde 2009.
A União Africana convocou uma mobilização na África contra os islamitas nigerianos durante uma cúpula em Addis Abeba, e apelou à criação de uma força militar regional de 7.500 homens, ideia apoiada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.